domingo, 29 de janeiro de 2012

Só pra constar


Esse foi 2011: eu sou o cachorrinho e depois da porta estavam os meus objetivos profissionais, amorosos e acadêmicos. É para que entendam logo mesmo porque eu já tô doido pra sair dessa temática "ano passado". Vambora?

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Informalmente delicado

Antes de mais nada eu venho dizer: 
Não meus caros, não é mais um capítulo de Agridoce, pelo menos não por hoje. O que eu vim fazer aqui foi me desculpar e é claro, me explicar. Tanto sumiço, tanta ausência e nada a dizer? Não, comigo isso não funciona. Foi-se o tempo que a minha decoração era um excesso de ausências. 
Pois bem, o que eu tenho a dizer é de certo modo extenso, um tanto pesado, mas pelo menos agora isso me soa um tanto libertador, mesmo que eu esteja no começo de muita coisa e iniciando uma caminhada por muitos caminhos que ainda não conheço. 
O que eu digo com toda a certeza é que tanto tempo sem dar meus pareceres, sem expressar minhas opiniões, não me deixou desarmado. Estive por todo esse tempo observando tanta coisa, constatando tantos detalhes e é claro, ocupei-me em fechar diversas portas que estavam abertas apenas para deixar coisas indevidas entrarem.
Esses últimos meses foram recheados de uma sucessão de tantas coisas que só agora eu estou conseguindo me reorganizar sem me enrolar nas palavras, sem gaguejar ou me engasgar com explicações. Na verdade eu nem sei disfarçar quando estou sem palavras. Eu só as perco por um tempo, e é aí que eu corro para dentro de mim mesmo.
O que vos mostro aqui agora é um texto que escrevi numa madrugada modorrenta, num dia em que tudo pululava aqui dentro, de modo que eu sentia tanta inutilidade, tanto medo e insegurança juntos... Digamos que é um retrato perfeito de como as coisas se desenrolaram até aqui.
Então eu sentei-me, debrucei-me sobre o meu diário lá naquela madrugada do dia 24 de novembro de 2011 e disse, com pesar e muita coisa contida:
"Depois de tanto tempo sem escrever aqui me sinto até um pouco constrangido. De alguma forma sinto como se eu estivesse violando este lugar e o próprio título que ele leva. Era um diário, não era?
E da forma como tudo vem acontecendo até aqui, sinto como se uma vida inteira já tivesse se passado. Sinto-me cansado neste momento, um pouco tênue, acima de muitas coisas como se eu estivesse deixando de existir fora de mim. É como se houvesse um vácuo no meu nome, como se ele estivesse acompanhado de um eco tardio.
Para que eu melhor me situe e que eu situe também o suposto leitor que aqui deita seus olhos, eu posso dizer que realmente faz bastante tempo que não fragmento minha alma em cima das linhas deste papel. Para ser preciso, estou sem escrever aqui a nove longos meses... E é exatamente neste momento que eu realmente vejo que uma vida se passou. Que tantas coisas aconteceram, que tantas pessoas se foram, que tantas pessoas surgiram, que tantas coisas se entrelaçaram... E então eu me pergunto: ‘Mas já? Assim tão cedo, já vais fazer uma avaliação do ano que se vai?’
Só o que tenho a dizer é que não vim aqui falar do que achei do que vi, do que senti. Não vim dizer o que me afetou ou o que simplesmente não me impressionou por acontecer. Aqui, na sua frente, meu caro leitor ou leitora, eu me encontro despido de toda e qualquer vestal que os medos e os acontecimentos mais loucos possam vir a vestir sobre o meu corpo franzino. Aqui me despeço de alguns floreios, traços que sempre me pertenceram, mas que de alguma forma voaram de dentro de mim sem aviso prévio. Simplesmente puíram, ou na pior das hipóteses: Foram assassinados.
E é exatamente assim que me mostro: as mãos ensanguentadas, um coração ainda pulsante entre os meus dedos, e muita, muita escuridão cercando os jardins de minha alma. Talvez esse texto soe um tanto magoado, um tanto contraditório em relação a tudo o que eu mostro sentir ou ver, uma dicotomia entre as coisas que saliento, diante de todas as bandeiras que levanto.
Mas entenda. As coisas que falo aqui agora são aquelas que dormem o dia inteiro, e que acordam somente no momento em que deitamos a cabeça no travesseiro. Os cheiros, os motivos, as imagens, as recordações ainda frescas das últimas horas... Tudo muda nesse momento. Tudo assume roupagens mais selvagens. Ao contrário do que nos disseram enquanto crianças; não é nessa hora que os contos de fada tomam vida. É nessa hora que tudo se torna mais humano, e é também exatamente neste momento que a noite que velamos durante o decorrer de todo o modorrento dia sai para dançar diante de nossos olhos. Nua, selvagem, tenebrosa, perigosa, terrivelmente devastadora.
Engraçado, mas neste momento eu começo a me perguntar quando foi que cada uma dessas coisas começaram a me ocorrer, a se mostrar mais presentes. Eu poderia simplesmente escrever aqui uma série de nomes nada aleatórios e colocar a frente de cada um tantos xingamentos que até a mais despudorada pessoa arregalaria os olhos ao lê-los. Infelizmente ainda sou covarde demais para fazer isso.
Ou, numa demonstração de frustrações diárias eu poderia fazer uma vertiginosa lista de coisas ruins que aconteceram. Mas você pára e me pergunta: ‘E as coisas bonitinhas, Saymon? E os amores platônicos, o saudosismo e a nostalgia?’. Bom, me abstenho a dizer que mandei todos para um longo passeio e que aqui, hoje, neste momento, vos fala o Saymon que poucas vezes aparece. Talvez uma ou duas madrugadas por ano.
Alguém gritou neste momento de um ponto perdido de alguma memória minha: ‘Vá embora, você não merece. ’
Não posso deixar passar despercebida a sabedoria dessa parte de mim... Afinal, ela entende que o que chamam de inimigo é, para mim, a lembrança de meus demônios.
Pois bem... Vamos começar a dar sentido a isto aqui?"

Repito...
Vamos começar a dar sentido a isto aqui?

Pois bem, eu sendo a pessoa mais ritualística com datas e acontecimentos que vocês vão conhecer, decidi me despedir um pouco dessa minha peculiaridade tão presente em mim. Talvez seja uma singela tentativa de enfim me despedir de tantas coisas, cortar tantas amarras.
Só devo dizer que as coisas ficaram negras por aqui. Imaginem como deve ser enxergar cinza por uma sucessão de dias, achar que perdeu o viço, a graça e a inspiração. Eu me desesperei, sem dúvida alguma. Se eu não escrever eu me desconheço e o pior: não me encontro. Mas é óbvio que eu não vim aqui para descrever os desgostos ou desventuras que insistiram em seriar por dias na minha vida, na minha tenra vida.
"Nem parece...", eu acabo de falar para mim mesmo. Nem parece que certas coisas aconteceram a tão pouco tempo. Digo isto baseado no fato das mudanças já irem tão longe e tão rápidas que nem dá tempo da gente se acostumar, elas acabam nos surpreendendo de novo.
Bom, o que quero mesmo é não me estender mais ainda para que isso aqui não perca o sentido, mas devo dizer só agora que muitas coisas começam a fazer sentido de verdade. 2011 se foi e o que sempre digo é que me impressiona a quantidade de pessoas que me disse que não foi um ano bom. E sim, foi um ano pesado, um ano amargo. Assisti a muitas coisas indo embora sem poder fazer muitos planos para elas.
Perdi pessoas, fiz novas constatações e terminei por me despedir dele com tanta rispidez que creio que se ele pudesse voltar, me daria uma sonora bofetada. Me sinto no dever de repetir algumas palavras que já disse aqui, nesse cantinho, e repito-as porque sinceramente elas serão constantes: Dezembro foi dezembro. Quebrei asas, quebrei dogmas, mandei pastar, quis matar, quis xingar. Agora é meu janeiro que já vai indo também. Calei, sarei, voei. E pra bem longe...

Agradeço a todos pelas cobranças, por se importarem com o blog e enfim, por se inspirarem com o que eu escrevo. 

Ao som de "Secrets", Yvonne Lyon.