sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Happy New Year^^

E não se esqueçam: Sempre jogue sal sobre o seu ombro esquerdo,
 tenha alecrim no seu jardim, plante alfazema pra dar sorte e
apaixone-se SEMPRE QUE PUDER!
 Enfim chegamos ao fim do ano. E é nesse momento que paramos para pensar em várias coisas, em vários fatores, em quantas vezes vivemos e morremos no decorrer do ano.
Eu gostei MUITO de 2010. Foi um ano pleno em que pareci aprender mais do que em qualquer outro. Novas constatações, novos valores, novos amigos, faculdade, trabalho... Mas o que é mais importante: Foi o meu PRIMEIRO ano depois do coma. 
Engraçado como esse coma sempre vai fomentar páginas e páginas de textos por aqui, porque sério, a cada nova experiência eu me baseio como pensaria nela antes do coma. E é incrível ver como tudo mudou...
É exatamente como se eu estivesse de volta. É óbvio que poderia ter vencido tal fator, mas ainda continuasse feito um zumbi. O fim vai se reunindo com o princípio, entende-me? Como a chuva... Água que desce do céu para retornar em forma de vapor,que se condensa em nuvens. Ou mesmo como a semente, que na terra deve necessariamente morrer para dar vida a um novo segmento de seu interior. Como o metal precioso,que passa pelo fogo para se livrar das impurezas. E como o vento,que provoca som ao atravessar os juncos e depois volta a ser simplesmente ar. Eu, como reles mortal, tive que enfrentar a escuridão para depois reaparecer na luz. E cá estou, meus queridos.^^

As vezes senti como se tudo fossem as estruturas sobre as quais vidas foram erguidas em minha suposta ausência. E é inevitável não pensar em todas as relações que aconteceriam depois que eu partisse. As vezes tênues, as vezes feitas a grande custo... Mas geralmente, seriam magníficas! Comecei a ver as coisas de uma forma que me deixou permanecer no mundo sem estar dentro dele. Foi estranho mas me ajudou a conhecer melhor as pessoas. E percebi que ninguém nota quando nós partimos... Quer dizer, o momento em que realmente escolhemos ir. No máximo você pode sentir um sussurro, ou uma onda de sussurros descendo sinuosamente. Sabe que som é esse? 
É o som da saudade e a voz da perda. Simples assim. E é impossível não lembrar das perdas, não lembrar de certas pessoas que ainda parecem estar aqui, justamente por terem sido tão presentes. Apenas digo que amo-as, e que esquecê-las é algo fora de cogitação.

E com toda essa coisa de fim de ano é imposível não ficar um pouco mais nostálgico que o normal. É só fechar os olhos que eu lembro de cada momento, de cada palavra. De cada tristeza.

Há momentos que iluminam nosso caminho. Que marcam a vida por sua intensidade. Cada um desses instantes é como uma centelha sempre acesa... Quando relembrados, logo se transformam em fogo ardente. Uma chama que aquece o coração e faz com que os olhos tenham o brilho inconfundível da alegria. É como ter um tesouro secreto... Que nutre seu viver e te faz lembrar que mesmo que a noite pareça a mais escura de todas, sempre haverá uma manhã aconchegante e ensolarada por vir. Pode ser um dia nevoento, exatamente como o de hoje, mas ainda assim é dia e há sol, mesmo que ele esteja pálido.

E que venha 2011, porque dessa vez quero sentir verdadeiramente as coisas, mesmo que estes sejam tempos difíceis para os sonhadores!

Um Feliz Ano Novo à todos.

Amo todos vocês... Como? Ah, meus queridos, isto fica a cabo de nossa borbulhante imaginação.^^


Ao som de "Last Time", Paper Route.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

As Últimas Coisas

Era uma noite quente como aquelas em que passamos horas a fio buscando inspiração nas mínimas coisas, mas ela não vinha justamente pela euforia que essas noites trazem... Que é quando fica mais difícil organizar as idéias na cabeça, se é que me entendem.
Mas era uma noite propícia para bons diálogos, para se contar estrelas, para se ouvir o som do mundo ou simplesmente para fazer promessas ou pactos.
Poderia soar meio estranho, mas as coisas que começariam a se firmar a partir dali estariam escritas a fogo, como em superfície rochosa. Poderia ser um momento muito delicado e tênue para firmar pactos tão sérios e silenciosos. Mas eles estavam completamente cientes daquilo que planejavam fazer. Era uma forma de fechar as portas afim de que não olhassem para trás, afim de que não vissem o que se escondia abaixo da soleira, como se esperasse para assombrá-los.
Até ali não tinham falado tão seriamente sobre os últimos fatos, sobre as últimas coisas acontecidas, mas pairava no ar ainda alguma frustração indignada, um certo serrar de dentes maldoso, algum lamento choroso que se perdia na noite entre orações que pareciam vãs.
Sentia-se agora uma atmosfera aconchegante, de uma amizade crescente, de um companheirismo em comum, de uma luta parecida, de um pesar que saltava os olhos por razões óbvias mas incompreendidas por outros. Não, Os Outros não entenderiam, eles jamais veriam como eles viam. Jamais sentiriam como sentiam. Era tudo uma questão de vivência, tudo uma questão de coisas passadas mas que ainda permaneciam vivas diante de suas retinas.

Ah, as retinas. Essas sim falavam e poderiam contradizer todo o motivo daquilo, tudo o que fora vivido até ali.

E na medida em que a madrugada foi adentrando o recinto com cheiro de livros e incenso, o laço apertava-se em volta da decisão. E enfim foi levado adiante. Eles escolheram se calar e para isso nem precisaram juntar as mãos, cortar as palmas e selar com sangue precioso. Não, as palavras acorrentam de um modo muito mais pesado e machucam muito mais do qualquer adaga. Por isso o silêncio.
Por isso o amor disfarçado de indiferença.
Por isso a invisibilidade opcional.

E enfim, apenas fitaram-se no fundo nos olhos. De um lado duas noites de Lua Nova, e do outro, dois Lagos tão Azuis e Profundos que poderiam guardar qualquer coisa, confinando-a numa espécie de espera infinda, afastada de tudo. Sim, ali, banhada pela luz da Lua Nova e pela água tão azul, a coisa poderia morrer em paz, sem ter que machucar ninguém ao tentar fugir e ganhar forma.
Teria as asas podadas e os olhos vendados. Inerte, não teria capacidade de se mover e definharia. Afinal, dores dessa natureza costumam ser egoístas e precisam de medidas drásticas. Não são donas de ninguém, mas agem como se fossem.
Mas eles continuavam perto, esperando e prontos para irem para longe se preciso fosse. Poucos os acompanhariam, eles sabiam, mas precisavam conhecer muitas coisas e somente os amigos lhe serviriam caso tivessem de ir mesmo. 

Poderia nunca chegar essa hora, mas o que eles sabiam é que lá, dentro de cada uma de suas retinas que agora começavam a cintilar com um brilho novo, eles estavam longe para que não ouvissem os ecos de tudo o que se passou nos últimos tempos.

Ao som de "Sacra", Apocalyptica.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Querido Tempo...




Parece que eu tenho me guardado em algum estado de sonho, como se eu estivesse apenas dormindo ou como se fosse uma espécie de turista nesse mundo desperto, porém é como se eu nunca estivesse completamente acordado. E sei que nenhum beijo, nenhuma palavra gentil poderia me acordar deste sono até que enfim eu percebesse quem foi que me segurou tão abaixo de todas as minhas capacidades. 

Senti isso no momento em que segurei suas mãos com força, como se eu quisesse que você não corresse para longe de mim. Senti em meus pés, nas cavidades das minhas pálpebras, sacudindo com força através de meu crânio, através de minha alma. E foi difícil me manter firme, foi difícil não chegar mais perto, foi difícil tentar ignorar o cheiro adocicado dos seus cabelos. Me senti tão vulnerável, tão desarmado e sem palavras.
Mesmo que agora eu não sonhe mais com os mortos... É como se a própria morte tivesse sido desfeita e isso não faz sentido algum. Estes mortos eram meus próprios fantasmas, e agora que não sou mais assombrado por eles eu não consigo me habituar a este lugar sem ecos, sem projeções. Agora, sei que não estou mais sonhando como um garoto tão apaixonado num mundo todo errado. 
Não quero desistir de novo e viver como se estivesse fugindo. Isso me machucaria demais. Não quero armar camas por onde quer que eu passe para então poder sonhar com um dia melhor. Isso não adianta. É momentâneo. Restou alguém que vai entender que eu sou feito de carne e osso? Acho que eu estou vivendo como um ausente e tudo o que eu estou querendo é que você me perceba. 
E eu ouvi trovões e vi esplêndidos relâmpagos dentro da minha mente. Tudo ao redor do meu mundo começou a entrar em movimento, ali eu soube que nunca poderia voltar... Pois todas as paredes feitas de sonhos foram despedaçadas e  abertas. Não sei se o encanto se quebrará, não sei... Apenas digo que sei a cristalina verdade sobre você.
Me deixe segurar sua mão, minha querida... Pelo menos até a fumaça clarear. Nosso amor virou guerra esta noite e eu ainda não consegui entender por que eu vou em círculos.
Nesta noite eu me lembrei de que as vezes eu sinto que há um buraco dentro de mim, um vazio que de vez em quando parece queimar... Se encostasse meu coração em seu ouvido provavelmente ouviria o oceano, e a Lua hoje tem um círculo a sua volta, sinal de problema não muito longe... E eu sonho não estar só, não ir dormir a noite sozinho. E as vezes quando a brisa é morna ou os grilos cantam, sonho com um amor que faça até o tempo se curvar a ele. Eu quero alguém que me ame, eu quero ser visto! 

Sei lá... Talvez eu já tenha tido a minha felicidade. Eu não quero acreditar, mas, não há ninguém. Somente a Lua.

Ao som de "Crystal", Stevie Nicks.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Vá...

Acho que nunca relutei tanto para fazer um post. Nunca fugi tanto de um assunto como venho fugindo desse. Me ocorre agora que eu sempre fugi de muita coisa, mas hoje eu nem me espanto mais com a maioria desses meus medos antigos... Mas o que fazer quando alguém sucinta dentro de você algo que você jamais imaginaria sentir de novo? Até aqui tudo bem, é claro... Mas e o que fazer quando todos os planos, todas as esperanças e coisas obtidas forem simplesmente descartadas bem ali, diante da sua face atônita e ainda pálida de ilusão?
Infelizmente isso aconteceu comigo de novo. Eu me senti tão idiota, tão envergonhado... Tão burro! Acho incrível a capacidade do ser humano de cair tantas vezes no mesmo erro e ainda se sacrificar, sangrar e se lamentar como se fosse a primeira vez. Dores dessa estirpe sempre me foram longas companhias, mas elas estavam vivendo numa espécie de casulo dentro de mim por algum tempo. Eu simplesmente já tinha me esquecido. Não... Eu não podia pisar em falso de novo, eu não podia ter ficado tão desatento.
Conte-me você se este é o preço que pago pela minha imaturidade nesse campo da minha vida! Mas o que realmente me faz ter dúvidas é de onde vem a maior parte da imaturidade... Das coisas efêmeras? Ou do achar que é só 'anular' e está tudo bem? Queria realmente saber se já foi ensinado a você que de algum modo corações tem vida, que por eles não passa só sangue, mas também sensações e sentimentos. Definitivamente, acho que não.
Mas o que também me faz ter dúvidas é pensar em como você vê toda essa situação. Por favor, eu gostaria de saber se pelo menos eu não estou sozinho ao pensar nisso tudo, que pelo menos você pensa, que você sente muito. 

Muito. 

Mas o pior não é não conseguir... O pior é desistir de tentar, entregar os pontos enquanto para a outra pessoa tudo parece estar bem, quando na verdade você queria que ela visse que você queima por dentro, que cada maldita hora do dia parece trazer algo que a lembre. É cruel, sabia? Dói, machuca e parece não ter fim. Eu cresci ouvindo anedotas, clichês e todas aquelas chacotas que sempre fazem , frustrações sobre amasiar, se casar, se entregar sempre me  soou como fraquejar, como enfim aceitar algo que não tinha de acontecer. Ou tinha? Não sei... Talvez eu nunca saiba.
Todo mundo quer um alguém para amar, geralmente é o que acontece, não é mesmo? E eu sofro com toda essa ilusão que me trai porque toda vez que essa traição acontece o meu coração se desfaz em mil cacos. E acredite: o tempo que levo para recolhê-los e juntá-los me é tão doloroso quanto engolir cada um deles. 
E não me olhe assim, como se eu estivesse pegando toda a dor para mim, como se eu estivesse me fazendo de vítima. Porque você sabe que não há nenhuma mentira em tudo o que estou dizendo aqui. Você sabe porque viu tudo escrito nos meus olhos, no meu toque frio, nas minhas investidas inúteis.
Inúteis... Isso nunca me soou tão adequado.
Mas acho que devo ser mais direto, mais concreto... Já não é mais hora de ficar contando minhas dores, até porque nem faz muita diferença, não é verdade? E se faz, por que eu estaria surpreso? O que na verdade penso é que eu queria ter coragem suficiente pra te falar tudo pessoalmente. Mas, ou você é simplesmente ausente ou indiferente. Já te contaram que indiferença é pior do que pena? Sabe por que? ... Porque ela é a falta de sentimentos propriamente dita.
Mas agora eu me sento e num esforço tremendo peço para que vá... Simplesmente vá. Não fale mais, leve o que é seu e só. Vá, que o sol já vem e com ele outro dia... Vá se descobrir, vá crescer, entender e saber o que quer,  QUEM você quer. Por favor não me faça mais chorar como se eu fosse nada. Isso servirá para o ego do meu bem. Por favor me deixe um pouco em paz, mesmo que eu sofra ainda mais. No momento tudo  aqui dentro é seu, mas creio que amanhã serei bem mais feliz... 
Você sempre afirmou que eu nunca chorei ou choraria como você. E eu me pergunto se sua indiferença deixou que você enxergasse as lágrimas que corriam pelo meu ego. Foi tudo uma questão de ego ferido? Tudo uma questão de uma disputa burra de valores? Não, foi algo sublime e em algum lugar ele permanece bem e esperando, como se nada jamais tivesse acontecido, como se nós jamais tivéssemos passado por uma guerra ou como se agora não tivéssemos nenhuma das cicatrizes do ontem.

Eu era um coração pesado para carregar e tudo parecia muito deprimido. Eu atei meus dedos ao seu pescoço mesmo sabendo que você me deixaria ali lentamente pra que eu me afogasse em meus lamentos, em todas as coisas que me faziam chorar. Meu amor tem os pés de concreto e é como uma bola de metal maciço, não é verdade? Acho que ninguém aguentaria. Sou muito pesado para seus braços...

Preciso ser mais forte, para que eu não volte atrás... Isso vai ajudar aliviando o desespero, e adiando o sofrimento. Pois disso se sofre, sem dúvidas. Antigamente, quando eu era uma criança e tudo se resumia a um simples teatro, eu poderia dizer que esta era só mais uma encenação, mas infelizmente não é assim tão fácil. 
Mas gostaria de dizer que não consigo nutrir ódio por você. Aliás, esta é uma capacidade inativa em mim. Simplesmente nunca consegui ter ódio de ninguém. Vem e passa, e isso não é ódio. É frustração. O que na verdade eu quero muito é que você fique bem, porque depois eu não estarei aqui pra te cuidar nem pra te mimar... Você me quer bem eu sei, mas não vai muito além disso. Não se trata de não se entregar... Afinal, paciência não me refaz. O que sei é que a vida pode e deve me dar alguém por inteiro.

Mas eu queria que ainda me fossem respondidas algumas coisas... 

Valeu a pena esperar todo esse tempo desperdiçado? Responda-me se você é forte o suficiente para ficar protegendo tanto o seu quanto o meu coração. Quem é o traidor? Quem é o assassino no meio da multidão? 
Eu quero que neste momento você leia isso com tanta atenção que seu coração vai parecer queimar e que esta seja a minha última confissão: Eu TE AMO como nunca senti uma bênção, porque eu creio que dores não são abençoadas. 

E sussurro isso como se fosse um segredo para condenar aquela que lê isso com um coração ainda pesado. Não tenho todas as suas armas. E é essa a única forma que eu tenho de me vingar.


Eu lutei, mas lutei pouco porque não tive armas. Estou partindo e não se preocupe. Vai ser como se eu nunca tivesse existido.

Ao som de "Heavy In Your Arms", Florence + The Machine

domingo, 12 de dezembro de 2010

Delicate Things

Porque enfim, parece que ao invés de as coisas se tornarem cada vez mais fáceis, elas se tornam bem mais complicadas e aos poucos merecem ser esquecidas, porque pra quem não tem muita paciência essa é a melhor tática.

Esquecer.

Bom seria se essa palavra fosse algo que me soasse familiar... Nunca foi, porque simplesmente não consigo fazer muitas coisas quando a ordem natural é: deixar pra lá - esquecer - deletar.
Meu novembro foi simplesmente uma correria total. Fim de período na faculdade, trabalho e curso mesclado. Foi a morte, praticamente. Mas não foi só correria. Foi nostalgia, foi constatação, foi medo, foi melhorias, foi retrocessos, foi evoluções, foi e não foi. O que eu realmente queria era dizer que foi um doce novembro, daqueles de filme mesmo, sabe?
Mas já é patológico: quando se observa por muito tempo algo que nem se costumava perceber não demora muito e uma concepção totalmente diferente é formada. Seja acerca de um sentimento, de uma coisa, mas PRINCIPALMENTE de uma pessoa. Você já ouviu dizer que as coisas só são boas se não forem vistas de perto?
Então, é mais ou menos isso. É um pouco como constatar certas coisas que você não aceita e assim mudar conceitos tão rapidamente quanto piscar os olhos. Num segundo ERA. No outro NÃO ERA. E aí se pergunta... 
Vai ser?
Não, não vai ser. Nem precisa ir muito longe pra saber. Não precisa MESMO. E dá-se pitis, faniquitos e aparecem caras feias, birras, bater de pés, braços fortemente cruzados em birras contra a vida. Mas quem disse que faniquito não cura? Quem disse que açúcar e afeto não podem curar? É, na verdade nem curam, mas ajudam!
Os faniquitos são só as indiferenças. Açúcar e afeto são os amigos. E quando se fala de afeto, quando se fala de amigos, quando se menciona as indiferenças é indispensável lembrar do passado, dos mesmos questionamentos, da mesma falta de sorte, dos mesmos tropeços e caras quebradas.

Novembro foi novembro. Quebrei asas, quebrei dogmas, mandei pastar, quis matar, quis xingar. Agora é o meu dezembro que já vai indo também. Calei, sarei, voei. E pra bem longe...

Ao som de "Vá", Vanessa da Mata.


domingo, 5 de dezembro de 2010

Eu só consigo chamar de saudade...

Simplesmente porque sei que nem vai voltar, simplesmente porque tem dias que parece doer mais, simplesmente por ter sido tão bom que as vezes nem parece ter sido real.
E eu pediria pra que tudo voltasse, eu piscaria os olhos e contaria histórias de novo... Seguraria sua mão e tomaria banho de chuva.
E não seria ruim fazer chocolate, nem gritar eufóricamente alguns feitiços ou simplesmente pedir licença para pegar uma flor ou mesmo imaginar que o tempo jamais passaria, que as coisas jamais mudariam...
Agora penso que a saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que se instala toda vez que se lembra das longas tardes no jardim gramado, ou mesmo das noites quentes na varanda.
E quando isso não cabe no coração, escorre pelos olhos. Me sinto como se fosse evanescendo aos poucos, subindo em pequenas lufadas de poeira estelar. É como se o momento tentasse fugir da lembrança para acontecer de novo... E isso ele não consegue.
Dos nossos planos é que tenho mais saudade. Mas não gosto de me lembrar que estes também se perderam. Esse amor por um passado que ainda não passou, toda essa recusa por um presente que me machuca, o futuro que me convida, mas não o vejo.
É engraçado como ainda vejo alguns vislumbres, como ainda sinto algumas coisas, mesmo que agora o tempo passe rápido demais, ou mesmo que os dias anoiteçam mais rápido. Ainda percebo seu olhar e seu jeito sereno que sempre me fizeram muito bem. E você me diz: "Pode ir, tudo ainda existe, só não do mesmo jeito."
Mas agora percebo que o que quero é lembrar-me do passado, não com melancolia ou saudade, mas com a sabedoria da maturidade que me faz projetar no presente aquilo que, sendo belo, não se perdeu.
Mesmo sabendo que é um pouco difícil porque metade de mim é partida, mas a outra metade é saudade...

Ao som de "Meet Me on The Equinox", Death Cab For Cutie