quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Esse tempo que passa...

Mesmo quando isso parece impossível,  mesmo quando cada tique do relógio faz sua cabeça doer como  se fosse um fluxo de sangue passando por uma ferida, ele passa desigual, em estranhos solavancos e levando a calmaria embora, mas ele passa. Mesmo pra mim.

Luz de Candeeiro

Eu realmente nem acredito nesse mês. Ainda estou tonto pelas tantas coisas que aconteceram num espaço curto de tempo. Bom, um mês não é necessariamente um tempo curto, mas aí eu lembro da tal frase: "Os dias são longos e os anos são curtos." Mas neste mês foi tudo muito efêmero, mas nem por isso insignificante.
Me fez lembrar e constatar tanta coisa, me fez sentir tão mais forte e ao mesmo tempo tão igual... A princípio foi um mês cruel. Primeiro porque ele me lembrou o quanto você pode se decepcionar com as pessoas. E cara, sinceramente, há tanto tempo que eu perdi essa capacidade de me importar que nem lembrava que doía.
Mas foi a mesma coisa sentir que  mais um amigo se afastava, se perdia nas brumas da minha nova indiferença, pois enfim, eu já não o reconhecia mais. Era para mim um estranho. Já não era objeto de admiração... Sim, porque tenho admiração profunda por meus amigos. E creio que isso é recíproco. 
Bom, pelo menos era pra ser.

E também me lembrou coisas que sempre preferi deixar de lado, porque embora tentasse, nunca fui jeitoso com tais questões. E fui assaltado por uma profusão de sentimentos, algo como um turbilhão que passou, bagunçou tudo (de novo) e agora vai me custar um tempo enorme para que eu arrume tudo novamente.
Você já levantou os braços e rodou muito, muito depressa? Então, isso é assim. Faz seu coração disparar, vira o mundo de cabeça pra baixo, e se você não tiver cuidado, se não fixar os olhos numa coisa imóvel, pode perder o equilíbrio e não vai poder ver o que acontece a sua volta. Não vai perceber que está prestes a cair... Alguém não me deixaria cair? Acho que não. Não por agora, pelo menos.
E eu penso que eu seria burro o suficiente para fazer um Amas Veritas... Mas isso seria uma forma de afastar as pessoas erradas. Assim eu talvez não ficasse bobo de novo. Assim talvez eu tivesse tempo de me desarmar, de esquecer...
Mas não foi um mês negativo. Como já disse, me esclareceu muitas coisas, reafirmou alguns laços, me mostrou muitas promessas... E é claro, estou disposto a tudo para conseguir fazer com que o tempo as cumpra. Neste ponto não reclamo. O tempo sempre me foi verdadeiro na maioria dos aspectos. Me trouxe o que tinha de trazer... Mas eu não me contento só com isso.
Na verdade eu me senti como se empunhasse um candeeiro e que ele estivesse iluminando todo o meu caminho, expulsando os monstros, calando a noite cruel e dissipando a bruma pesada que se instalou na forma sempre nostálgica que tenho de pensar. Por isso continuo perdendo medos. Por isso continuo indo em frente. E é bom ver que o que está morto já nem me assombra mais.


Ao som de "A Case of You", Joni Mitchell.