quinta-feira, 29 de julho de 2010

Five - Your dreams


Vocês permanecem mais tempo comigo do qualquer outra pessoa. As vezes eu me sinto em constante sintonia com esse mundo paralelo, isso se não passo dias a fio vendo-os me acompanhar aonde quer que eu vá. Sempre gostei de tê-los, de nutri-los e creio que essa é uma capacidade tão intrínseca em mim que já não há mais como viver sem, a cada passo, criar um de vocês para mim. Novinho em folha, mais um pra coleção.
Sabe, muitos de vocês poderiam estar incluídos na carta vinte e nove pois, às vezes, penso que o fato de contá-los  deveria vir acompanhado da morte do ouvinte. Sem mentira nenhuma. E porque eu gosto tanto de tê-los? Bom, vocês são a prova de que ainda estou vivo e que sirvo pra algo. Não sou um recipiente vazio. Tudo bem, tá certo que não há coisa que nos deixe mais solitários do que nossos segredos, mas mantê-los dessa forma os torna um pouco mais reais para mim. Vocês ficam mais perto.
Todas essas cartas, esses escritos e tudo aquilo que me impulsiona a escrever  só existe decorrente a minha capacidade de sonhar. E como gosto, e como me construo. Mas tenho que lembrar que viver sonhando não vale a pena. Definhar esperando que tudo saia do jeito que você sonhou é uma quimera. Experiência própria. Mas alegremo-nos, eles são os nossos esboços. Sem nossos sonhos estaríamos no 'modo automático' para sempre.
Afinal, sonhar só não dá em nada; é uma festa na prisão.


Ao som de "L'amoureuse", Carla Bruni.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Eleven - A Deceased person you wish you could talk to


É inevitável parar pra pensar que hoje você estaria com dezessete anos, os tão odiados dezessete anos. E penso que você seria alegre como sempre, disposta a tudo pelos amigos, mais cheia de vida do que muitos. E como sinto sua falta, Carol. Você se lembra do que nós prometemos numa brincadeira imperceptivelmente fúnebre uma semana antes daquele fatídico 19 de maio há três anos? Você me deu de presente um pôster do Evanescence e ficou na minha casa até mais tarde.  E você disse: "Ah, eu adoro piano... Queria aprender. Saymon me promete uma coisa? Se eu morrer primeiro você toca 'My Immortal' pra mim? E se for você, eu toco 'Imaginary', combinado?"
Olhei pra você atônito, aterrorizado... Mas terminei concordando. E uma semana depois eu não toquei para você. Nem agora, três anos, dois meses e quatro dias depois de sua partida. Eu jamais vou conseguir me recuperar daquela maré de sentimentos que senti. Sempre haverá a indignação, o ódio, a dor, a tristeza... Mas eu prometi para você, não foi? Prometi que não iria te ver antes de ver todos os responsáveis pelo que fizeram com você sendo punidos.
 Foram três anos de uma espera longa e penosa.  Mas nós conseguimos. E quando eu ouvi no noticiário a notícia sobre o seu inquérito ter sido concluído eu não consegui me manter, eu não consegui me portar como sempre tento. Não nego que ontem pareceu aquele mesmo exato dia. Os rostos aterrorizados, as lágrimas teimosas, o desespero... Tudo era um borrão negro que agora finalmente começou a se tornar alvo, para enfim sublimar.
Ah, minha Carolzinha... Agora sinto que descansarás bem mais, que agora enfim todos os seus laços voltaram a suas mãos, e agora o que temos é a lembrança de seu doce sorriso, da sua doce forma de ver a vida. Eu poderia ter vindo aqui para conversar com você... Mas agora já chega. Eu importunei sua memória demais, nunca quis deixá-la ir. Saiba que durante estes três anos, não existiu uma noite em que eu não repetisse o seu nome antes de dormir. Queria escrever algo mais rebuscado, mas simplesmente não tenho  condições.
Mas agora é tudo com você. Os Portos Brancos já estão chamando. Vá e não olhe para trás... Apenas quando souber que estamos precisando... E você sempre sabe.

Sinto sua falta...
Eu te amo.


Ao som de "Into The West", Annie Lenox.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Seven – Your Ex-girlfriend



Posso dividir essa carta em duas facções: a que falo pelos cotovelos e aquela que falo arrastado, como a me demorar nos fatos. Mas não vou fazer isso já que a pessoa pra quem eu a direciono nunca gostou de delongas. Sabe, lembrar do nosso namoro ainda me faz dar boas gargalhadas. Ah, e como dá. Jamais vou me esquecer do dia em que fui conversar com o seu pai. Lembra como parecia que eu ia dar um nó em cada um dos dedos? Parecia pipoca sendo estourada debaixo da mesa. Eu me lembro que adorei quando você disse que havia ficado orgulhosa. Bom, não era todo dia que um cara vinha conversar com seu pai, ainda mais com ele sendo um militar. E foi impagável a leveza de ouvir um "sim, vocês podem namorar” vindo dele.
Foi bonito, foi tribulado, foi efêmero. Nosso namoro reuniu uma gama diversificada de formas de sentir, não é verdade? É, todo namoro faz isso, mas o nosso foi como uma mescla de tudo. Naína que o diga. Tinha que me aguentar contando como eu me sentia feliz, como era bacana manter um relacionamento com alguém e tal. Era aquela ladainha quase todo dia.
As comparações que fazíamos com as músicas, as vezes que você cantou e tocou "Anywhere" ou "Jeito de Mato" pra mim, o clima tão perfeito do Festival de Pipas, as armações da Amanda, a cara de surpresa que as pessoas faziam quando dizíamos que estávamos namorando... Era im-pa-gá-vel^^.
Mas confesso que ainda me dá vontade de concertar algumas coisas. Não sei, o modo como tudo se arrastou, o modo como fomos um pouco omissos até. E se tivéssemos tido uma segunda chance? Como seria? Mas eu te conheço, você me conhece e autocomiseração não combina com nenhum de nós dois. O que foi pra ser, aconteceu. Fizemos o que estava ao nosso alcance.
E você, Snow White Queen? O que dizer de você... Meu Deus, que pessoinha de personalidade forte, hein? Mas isso era bom, sempre deu um UP em nosso relacionamento. Romântica ao extremo, decidida e um tanto... Digamos... Inflexível. Mas, como eu já disse, foram essas e outras características que nos uniram.
Bom, há muitas pessoas que hoje dizem que o melhor foi a gente ter terminado, que não dava certo e outras coisas. Mas você se lembra o quanto vivemos bons momentos? Alguém estava lá para afirmar com tanta convicção que o que vivemos foi em vão? Deixe-os falar, afinal, nada dessas acusações importa agora. Foi eterno enquanto durou.

Ao som de “Eyes On Fire”, Blue Foundation.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Twenty-nine - The person that you want tell everything to, but too afraid to


I need to know of the truth beneath the rose.

Mais óbvia impossível, a pessoa pra quem eu contaria tudo. Há uma possibilidade que eu quero saber. Mas onde escondo o medo e a insegurança frente ao desconhecido?  O que eu queria era realmente muitas respostas, mas o mistério é esse. Mesmo depois de saber de tudo, de você me ver longe de todas as minhas máscaras, de todos os disfarces... Como você me olharia? Como eu poderia segurar a vontade de fugir desesperadamente e sumir da face da Terra?
E quando eu contasse por quanta coisa eu fui responsável? E quando eu falasse de certas coisas que almejo, certos valores que você desconhece? Isso me amedronta demais. É verdade, firmamos quase todos os dias novos votos de fidelidade, mas eu já me sinto tão fragilizado por carregar tanta coisa na bagagem que tenho receio de que isto a afete também. Mas acho que você enfim entenderia.
Acho que você entenderia o porquê de tanto silêncio, de tantas expressões frias frente ao calor da vida. Mas no fim eu creio que somos tão ligados, tão completos um no outro que o fato de "contar tudo" nunca existirá propriamente dito. Afinal, foi sempre assim, não foi?  Apenas nos subentendemos e está tudo bem. Um olhar, um afago, uma palavra amiga. Essas já são antecipações de repostas. E que bom seria se tudo fosse fácil ou perfeitamente entendível.
Uma vez nós lemos uma certa carta que mexeu demais com o nosso psicológico. Lembra do que nós fizemos? Apenas nos abraçamos e choramos. Mas ficou tudo bem, pois sabíamos que por outras vezes ainda estaríamos bem e juntos. É por isso que para mim esse fato nem é tanto uma incógnita. Eu já tive vislumbres de como seria depois que o véu fosse retirado, depois que a cortina de bruma se dissipasse. E me conforto um pouco com isso.
Mas o meu medo mesmo é de te contar e isso parecer à você traição. Você me olharia com ar de "por que não me contou antes?" e se magoaria? Bom, eu sinceramente não faço a mínima idéia de como pode vir a ser o dia depois que você souber de tudo. Isto é, se você ainda estiver lá para saber. Mas vai estar, eu quero que esteja. Já dizia Manuela: "Coração dos outros é terra na qual ninguém anda".
Absinto?


Ao som de "Possibility", Likke Li.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Fourteen - Someone you’ve drifted away from


Os valores sempre mudam, é verdade. A vida muda, as concepções e enfim algumas coisas relacionadas a círculos de amizade. De duas uma: ou eles se dissipam ou se tornam sub grupos para enfim se sublimar em pessoas com opiniões e memórias em comum. Dizer que é bom que seja assim? É , pode até ser... Mas a grande questão é o quanto eles significaram, o quanto eles ajudaram a construir uma pessoa, o quanto esboçaram muitas das coisas hoje existentes.
Mas essa é a grande questão. Foram inúmeros os motivos que levaram ao meu afastamento, a minha espécie de inexistência e inércia quanto a simples menção do nome de cada um de vocês. Eu e meu afastamento eu entendo. Foi somente uma consequência de cada um dos seus atos. Mas e as suas faltas?  E as suas ausências ? Sinceramente jamais vou entender e só digo que isso aprimorou a minha perceptividade do mundo e do quanto as pessoas podem ser falhas.
Me encanta o fato de que as pessoas depositam tantas objeções nos potenciais de terceiros e esquecem de si mesmas. Esquecem que podem fazer também. Por muitos textos e cartas postadas aqui mesmo eu sempre usei a frase 'Não queria que hoje fosse assim'. Neste caso eu digo que sim, digo que essa foi a melhor forma de sanar vários problemas de uma vez. Não que essa seja a solução mais honrada ou mais dotada de coragem, mas é a menos indolor. Atenha-se ao fato de que eu disse MENOS indolor.
Nós lutamos, não é verdade? Nós quisemos tanto, procuramos tanto religar as coisas. Mas quando algo tende a inclinar-se para o ostracismo, é difícil recuperarmos a sua essência. Por tantas vezes eu quis fazer parte de certas coisas mas havia ali uma parede de fumaça, algo que refletia o futuro. Agora penso de novo nas promessas. No nosso caso elas foram todas cumpridas. Acho que ambas as partes estão isentas de erros. Agora estou feliz, sinto que direcionei essa carta para as pessoas certas.



NINETEEN - Someone that pesters your mind

Rafael.Sinceramente não sei se te acho a pessoa mais inexpressiva ou se te torno uma das pessoas mais influentes da minha vida justamente por você ser assim, irritantemente perturbador. Você com certeza é uma das únicas pessoas que consegue me deixar tão confuso. Ninguém nunca conseguiu fazer minha cabeça quase entrar em curto quando expõe suas diversas fases para mim. Essas e outras questões que fazem meu senso embaçar, minha capacidade de articular e opinar parecerem tão bobas. Não sei, sua inexpressividade carregada, sua aura alheia ao mundo. Algo que de certo modo lembra a mim mesmo. Mas digo que você importuna minha mente de um jeito bacana, de um jeito que me faz querer mudar. Gosto da capacidade que tenho de absorver muito das pessoas, por isso gosto que você exerça essas impertinências. Já disse que gosto do que perturba.





EIGHT - Your favorite internet friend

Olá, Júlia Tessler!
Engraçado como eu te achei interessante ao ver sua foto e como você foi tremendamente ríspida quando te pedi para me adicionar. Era engraçado, eu morando no Tocantins e você no Reino Unido. Em poucos dias estávamos falando sobre coisas como vestibular ou sobre como a relação com meus amigos não estava boa.  Você me perguntou uma vez se eu era meio doido. Afinal, eu nunca nem te vi pessoalmente, não sei nem quem você é, apenas achei sua veia fotográfica interessantíssima. Lembra da explicação que eu te dei? Eu preciso de gente nova na minha vida. De preferência pessoas que eu não saiba nem como soa a sua voz. E conversamos por algum tempo, você me dando alguns conselhos bacanas e eu te escutando como se fosse a mais confiante das pessoas. Então uma vez eu te perguntei se você ia me adicionar. E você disse que não. Apesar de gostar das nossas conversas, só adicionava quem conhecia. E eu disse que você estava certa. E hoje suas respostas aos meus scraps estão lá, ainda guardadas. A gente nem se fala mais, mas eu de vez em quando ainda lembro dos seus conselhos. Obrigado por não me conhecer!^^



TWENTY-SEVEN - The friendliest person you knew for only one day

Estava um calor infernal naquela manhã. O ônibus não chegava logo e o terminal parecia uma assadeira gigante. Um pouco sem jeito você se sentou ao meu lado e me ofereceu um pouco de água. Eu estava precisando me hidratar. Sorvi alguns goles e puxei conversa. E foi muito engraçado quando você disse o seu nome. Foi esquisito. Era o mesmo nome da personagem principal do novo livro que estou escrevendo.
Alicia.
Me parei analisando seus traços para ver se algo equivalia ao que sempre criei para a imagem de minha personagem. Não se parecia muito. Você era menos misteriosa, menos ríspida e muito amigável. E creio que era só bela, não bela e maldita como minha Alicia. E conversamos sobre escritores, você me perguntou sobre o exemplar de "A Menina do Fim da Rua" que estava em minhas mãos. Sem dúvida uma história perfeita.
Foi tudo muito efêmero. Em pouco tempo sua condução chegou e você saiu com um breve aceno entre cabelos negros e esvoaçantes. Esses eram da minha Alicia. Fiquei ali, parado, vendo você se afastar. Concluí que gosto de conhecer pessoas de jeitos inusitados. Esses serão para sempre lembrados. Mesmo que durem alguns brevíssimos minutos e que depois se tornem tênues na mente, como um sonho em uma noite de verão.
Te verei algum dia de novo? Sinceramente, nem sei se você era real.


sexta-feira, 16 de julho de 2010

Twenty – The one that broke your heart the hardest


No more dreaming like a boy so in love with the wrong world…

Sinceramente queria que tudo que estivesse relacionado a isso fosse fácil de resolver... Mas isso ainda é motivo de muitas noites de insônia. Eu jamais quis que tudo tivesse chegado ao que é hoje. Essa insegurança, esse desmotivo, essas sentenças que incomodam e desanimam. É doído saber que elas são apenas reflexos de tudo o que fizemos. Você pode me achar bobo, irritante e redundante, mas quando digo que isso faz meu coração doer com força, trata-se de uma verdade puramente absoluta. Olhar para trás, lembrar do que foi se perdendo, se esvaindo como fumaça entre os dedos e sem nenhuma chance de voltar é torturante. Por isso te escrevo isso.
Sabe, eu poderia te odiar com todas as forças da minha alma, já poderia ter te matado dentro de mim... Mas essa é simplesmente uma capacidade inativa em mim. Essa passividade, essa aceitação constante me irrita. Eu queria olhar sem culpa, parar com os martírios, mas isso independe do meu coração que se quebrou com força. É isso que sinto quando me lembro de você, quando sinto sua presença ou seu toque trêmulo... O meu coração se aperta e se enche de desespero de jamais conseguir se reconstruir. Pesou demais, correu demais, buscou demais... Morreu demais.
Mesmo agora algumas lágrimas doídas ainda me vêm aos olhos e elas me lembram de tanta coisa, de tanto esforço.  Às vezes tento me negar, esperando que alguém me dê a mão. E quando vejo que a única que se estendeu tantas vezes já está tão cansada quanto a minha, eu tenho medo... Quantas vezes a palavra desistir foi tentadora? Quantas vezes tentamos fazer com que as músicas não lembrassem nada? Quantas vezes quisemos que um fogo infernal queimasse tudo o que remetia àquele tempo? Ter a felicidade sombreada por algo que parece não querer ir embora é frustrante.
E cada vez que penso, que me lembro, que tento, eu me sinto mais inseguro. Ainda tenho muito que aprender, mas até lá deixe que eu te mime, que eu te adore, que eu mostre minhas explosões que já iluminaram suas retinas. Sabe, eu serei seu lar se quiser. Voltarei a admirar seu sono e sua presença. Antes de deixá-la ir de vez... Porque acho que tenho de me preparar. E quando eu não mais estiver com você eu quero que se lembre que me ouviu dizer o quanto me importei, o quanto senti. Acho que só agora você percebe que de certo modo, que em uma parte do meu ser eu nunca te deixarei ir.
Mas algo me diz que você estará satisfeita em partir, porém eu não aliviarei o que sinto aqui. Agora posso dizer que sou forte, pois você me cedeu quase tudo o que tinha. E agora me sinto em casa.
Mas mesmo que você diga que agora está tudo bem, que agora tudo será mais fácil, eu ainda  tenho realmente muito medo. E sinto que isso não vai fazer meu coração parar de se partir cada vez que as coisas se fragmentarem ou se esconderem para se perder.

"Swallowed up in the sound of my screaming
Cannot cease for the fear of silent nights
Oh how I long for the deep sleep dreaming
The Goddess of Imaginary Light"

Ao som de "My Love", Sia.


quinta-feira, 15 de julho de 2010

Two – Your Crush


Mesmo que eu pense que sentimentos desse tipo são efêmeros demais pra serem considerados algo relevante, afirmo que é impossível te ver sem ter uma queda amorosa. Eu sinceramente não acredito em amor a primeira a vista e jamais direi que isso é o que sinto por você. Mas tremer nas bases todas as vezes que vejo seu sorriso lindo, seu caminhar delicado e seus olhos caudalosos me fazem pensar que sou algo totalmente vulnerável. É engraçado quando a gente conversa... É perceptível a aura conspirante a nossa volta, mas nos abstemos a impossibilidade. Eu lançando olhares, você retribuindo com doces sorrisos como se subentendesse e não tentasse se importar ou ocupar a mente com tal constatação. Afinal, como seria se nos conhecêssemos verdadeiramente? Você, delicada feito porcelana logo, logo quebraria. E eu, apesar de toda a fama compreensiva e pavimentada de calmaria ganharia adornos de impaciência e inconstância.
Não sei, penso que é melhor estarmos assim, nesse mistério gostoso que me faz dormir e lembrar de você com um carinho nada inocente. E você esperta como é também sabe... Já percebeu. Se você se dispuser, me disponho também. Tudo é uma questão de reciprocidade.  Já disse que gosto de pensar que você sabe e finge que não sabe? Esses elementos costumam fomentar algo bem gratificante. E mesmo que você pareça perfeita demais e eu acima de qualquer ação corriqueira, somos mais mortais do que nunca. 
Quem é ela? Não conto nem sob tortura.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Six – A Stranger


      Sei que é deveras estranho eu estar escrevendo para você, afinal, que relação temos?! Bom, eu começaria com verbetes mais livres e menos displicentes, mas a palavra escrita me deixa bem menos tímido do que sou. E é essa a questão. Os motivos para eu estar te escrevendo são mínimos, mas nem por isso insignificantes. Nem tenho o que dizer direito, só digo que algo me impeliu a isso. Não sei, diria que é uma coisa daquelas que te aparecem em dias frios, aqueles que inspiram. Sim, a cada amigo meu atribuo certos elementos. Há alguns que são como rios caudalosos, em calma e fluência. Há outros que já se foram não da vida, mas de meu destino. Mas que diria eu de um estranho? Posso compará-lo com um dia frio, não querendo dizer que és triste e cinza, mas sim que é intrigante. É isso!
   Seria audácia incluir-te aqui? Realmente não sei... Eu não te conheço, você não me conhece. Peço que não ligue se tudo aqui estiver meio confuso e metafórico, mas eu queria escrever isso. Tomei essa liberdade mesmo que o meu conhecimento sobre você se baste ao seu tom de voz e a um comentário abaixo deste post. Só isso. Nem seu nome sei.
   Mas agora penso que é isso: vim para tentar fazer que deixe de ser um estranho. Não sei, acho que a necessidade fora da inércia fraterna é o que realmente me trouxe aqui. Não se zangue, nem me estranhe. Creio que eu não sou nada complicado. Espero que o seja, gosto de mistérios.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Twenty-six - The last person you made a pinky promise to

Mesmo agora penso que por mais infantis que tenham sido nenhuma delas foi inútil, não é mesmo? Nunca as cumprimos como deve ser, mas podemos dizer que nossas promessas serviram como guias para o que somos hoje. Assim como você disse, eu também poderia te encaixar em diversos dos itens deste projeto para assim tentar desvendar mais algumas coisinhas sobre nossa muy estranha amizade... Você não foi a última pessoa que fez a promessa do dedo mindinho comigo e sim uma das únicas pessoas que me fez querer levar promessas adiante. Você me conhece, sabe que eu nunca fui de gostar de fazer promessas, afinal eu detesto não poder cumpri-las. Acho que este é o fator propulsor.  Sua eminência me faz bem e me traz a tona todos os ideais traçados, tudo aquilo que entrelaçamos neste grande tear.

"E essas palavras tem um ar tão bobo e infantil. Quanto tudo o que nos vêm a mente, como os laços e as fitas verdes e roxas entrelaçadas. Mesmo que para os outros não façam sentido essas minhas palavras, em algum lugar você entende na imaginação".




Iubikiri gennan uso tsuitara, hari sen bon nomasu.^^

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Seventeen - Someone from your childhood

       Jamais vou me esquecer de como me doeu chegar da escola e ver que já não tinha mais nada na sua casa. O portão pesadamente trancado, nenhum grunhido de cachorro, nenhum chororô do irmão mais novo, nem o cheiro das gostosuras da Tia Dulce. Para mim era previsivelmente uma decadência o meu amigo ter ido embora. A verdade é que quando somos amigos na infância, nada parece ser efêmero. Para nós tudo vai durar para sempre, não haverá rupturas ou mesmo perdas significativas. Eu poderia prosseguir com uma sentença nada boa do tipo "mas aconteceu algo de ruim". E está aí a quântica da nossa amizade: não aconteceu porque enfim era algo isento de bombardeios. E ainda o é.  Não é segredo pra ninguém o quanto eu gosto da minha infância. Ela me construiu demais e ainda hoje é preciso que por vezes eu retroceda a ela para poder resolver algumas pendências. E me orgulho de muitas vezes me espelhar em você, Jhone. Sabe o que eu não esqueço também? A forma como nos conhecemos. Eu sendo um encrenqueiro de primeira com minha gangue pré-adolescente e você sendo o garoto introspecto que olhava as brincadeiras com um ar de "passei-dessa-fase" que me irritava profundamente. E lá foi eu caçar briga com o novato, afinal  alguém estava ameaçando o meu território. Você me olhou com aquela cara de inquisidor, pegou na mão de seu irmão menor e disse: "Me recuso". Nossa, como a petulância daquele carinha me irritou... Mas quando eu descobri que ele morava na casa onde tinha a goiabeira que produzia as melhores goiabas do bairro a história mudou. Não demorou muito tempo pra que virássemos amigos. O que antes se dividia no Garoto das Histórias Estranhas e no Garoto Mais Calado do Bairro, somou-se nos Carinhas Estranhos Metidos a Bruxos.
     Ah, e como eu adorava aquilo... Jamais vou me esquecer das sociedades formadas. A primeiríssima: A.A.A - Associação Alternativa dos Alquimistas. Deus do céu! Como é que a gente não criou a fórmula da bomba atômica? Ainda hoje eu me pergunto... Era cada mistura que até eu me impressionava. Lembre-se também dos nomes pitorescos de cada poção: Repugnus, Sangue de Dragão, Lágrima de Duende, Choro Indolente, Encanto Profundo e por aí vai...  Pois é, não deu muito certo, as poções exigiam um herbário completo e logo, logo nossas mães ficaram com medo de estarmos mexendo com drogas... E então veio a Sociedade Potteriana. Dedicada a mentes ávidas pelo universo de Harry Potter com toda a sua gama diversificada de vertentes mágicas. Acho que essa sociedade nunca acabou por assim dizer. Mais tarde ganhou nova roupagem - a W.O.N (Witches of Night). A essa altura só nós resistimos porque o resto do bairro nos olhava com tochas e forcados. A Brigada Paternamente Inquisitorial nos caçava enquanto todos os pais do bairro nos proibiam de falar com seus indefesos filhos! A diferença sempre nos botou um pouco de escanteio, socialmente falando. Éramos zoados, tachados, mas nos víamos como algo sólido demais pra ser abalado. E sempre houve os valentões que queriam bradar sua supremacia. Eu, sempre encrenqueiro, partia pra cima, mas no final me valia da astúcia e da rapidez tão aliada a franzinês  que até hoje permanece em mim. Você se valia da inteligência e sempre sumia, seu mala!  Era tão mais fácil não é? Quando enfim nos julgávamos fora de perigo ao ver os valentões se afastarem era só subir na goiabeira, invocar as forças de não-sei-daonde e desejar com força que eles acordassem com catapora, urticária ou varicose. Ou então era só gritar o nome da doença bem alto e apontar pro infame desafortunado. Nem sei se alguma vez esses feitiços ilusórios de última hora deram certo, mas que era super engraçado pensar nos valentões prostrados e cheios de brotoejas , isso era! E era essa a verdadeira magia que sempre procurávamos nas histórias, nas brincadeiras ou engenhocas feitas de álcool, ervas e gel de cabelo. 
      Foram alguns anos crescendo juntos, brigando, jurando que nunca mais íamos nos falar e logo depois arrumando um jeito de arruinar a fama do valentão da esquina. Vou sempre me lembrar com muita saudade dessa época em que tudo se resumia a magia e pensar no futuro era algo tão fora de rotina... Você nunca foi realmente embora. Lembra do que eu te falei? Eu disse bem triste: "Em qualquer lugar onde se possa fazer magia, onde se possa ver o mistério eu já vou estar contigo. Se você ficar com medo não se esquece: é só apontar a varinha (que era um palito de churrasco) e gritar o nome de uma doença bem nojenta!".
          Por isso agradeço por tudo, meu grande irmão. Você jamais partirá.

"Se amizade construísse casas, a nossa era mais do que Hogwarts."

Mal-feito, feito!

Nox.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Florence + The Machine

Aqui vai uma baita indicação... Olha, eu sou bem egoísta com esse lance de música, mas gostaria que mais pessoas ouvissem isso. De quem estou falando? Obviamente que é da banda Florence + The Machine que é simplesmente um achado... Confesso que julgava a banda e a própria Florence de um jeito totalmente diferente. Pra falar a verdade até pouco tempo tinha ouvido apenas uma música inteira deles e sinceramente achava uma banda ‘pra-frentex’ demais. Sinceramente não fazia o meu estilo. Pois é... Foi aí que sem querer eu vi a capa do CD mais recente deles, o ‘Lungs’. Porra véi, que capa show... Rá! Julguei de novo... Fui lá e baixei o CD todo (o que seria de mim sem o 4shared? 4SHARED É DE DEUS!). “Vou ouvir isso pra ver se vale a pena...”. QUEBREI A CARA! Meu, o álbum é simplesmente uma obra de arte, os arranjos são lindamente arquitetados, as músicas super envolventes e descoladas, com aquele tom de uma balada bem noir de uma Noite de Verão. Sinceramente vale muito a pena ouvir... Sabe o que é você conseguir ouvir um álbum inteiro sem pular nenhuma faixa? É exatamente assim com Florence. Bom, se vocês decidirem levar meu conselho a sério, peço que baixem o álbum e ouçam com carinho as faixas: Howl, Drumming, Between Two Lungs, Cosmic Love, Blinding(essa é perfeita!), Bird Song e Falling. Ah, e eu dedico a música Kiss With A Fist pra Mialle porque achei a cara dela... E foi o clipe dessa música que me fez conhecer a banda^^. Pois é, mas apesar de estar MUITO viciado e das músicas deste álbum serem muito shuan-shuanzinhas, eu viciei primeiro na música dessa banda que está na trilha de Eclipse. É a Heavy in Your Arms, que mantém aquele clima nebuloso que eu tanto gosto em músicas que permanecem na minha paylist. Então é isso pessoal... Tá dada a dica... Compartilhemos^^! Realmente vale a pena... CHEGA DE MERCHAN! Hahaha




P.S.: Eu não estou ganhando nada por isso...

terça-feira, 6 de julho de 2010

30 days letter project - Projeto 30 dias de cartas

30 cartas confessionais, irônicas, maldosas, mentirosas, rancorosas e cheias, cheias, cheias de todo amor. Quantas pessoas será que eu vou ofender/melindrar/surpreender? Mal posso esperar para começar!


Day 1 — Your Best Friend - seu melhor amigo
Day 2 — Your Crush - sua queda amorosa/paixão
Day 3 — Your parents - seus pais
Day 4 — Your sibling (or closest relative) - parente próximo
Day 5 — Your dreams - seus sonhos
Day 6 — A stranger - um estranho
Day 7 — Your Ex-boyfriend/girlfriend/love/crush - ex namorada/amor/queda amorosa
Day 8 — Your favorite internet friend - amigo favorito da internet
Day 9 — Someone you wish you could meet - alguem que vc queria conhecer
Day 10 — Someone you don’t talk to as much as you’d like to - alguem que vc não conversa tanto quanto gostaria
Day 11 — A Deceased person you wish you could talk to - alguem que morreu e vc gostaria de conversar
Day 12 — The person you hate most/caused you a lot of pain - a pessoa que vc mais odeia/que mais te causou dor
Day 13 — Someone you wish could forgive you - alguem que vc deseja que te perdoe
Day 14 — Someone you’ve drifted away from - alguem que vc se afastou
Day 15 — The person you miss the most - a pessoa que vc mais sente falta
Day 16 — Someone that’s not in your state/country - alguem que não está no seu estado/país
Day 17 — Someone from your childhood - alguem da infancia
Day 18 — The person that you wish you could be - a pessoa que vc deseja ser
Day 19 — Someone that pesters your mind—good or bad - alguem que importuna sua mente bom ou ruim
Day 20 — The one that broke your heart the hardest - alguem que partiu seu coração com força
Day 21 — Someone you judged by their first impression - alguem que vc julgou na primeira impressão
Day 22 — Someone you want to give a second chance to - alguem que vc daria uma segunda chance
Day 23 — The last person you kissed -  a ultima pessoa que vc beijou
Day 24 — The person that gave you your favorite memory - a pessoa que lhe deu sua memoria favorita
Day 25 — The person you know that is going through the worst of times - alguem que esta passando tempos ruins
Day 26 — The last person you made a pinky promise to - a ultima pessoa que vc fez a promessa do mindinho
Day 27 — The friendliest person you knew for only one day - a pessoa amigavel que vc conheceu por um dia apenas
Day 28 — Someone that changed your life - alguem que mudou sua vida
Day 29 — The person that you want tell everything to, but too afraid to - algeum que vc quer contar tudo, mas tem muito medo de contar
Day 30 — Your reflection in the mirror - seu reflexo no espelho.

Vou fazer^^

by: http://memorabiliadatabase.blogspot.com/

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Anywhere


A um quilômetro da casa ouviu buzinas de carros e o clamor de um rock descolado. Quando o som ficou mais alto e um carro passou rápido pela estrada transversal, ele viu que os passageiros eram jovens de sua idade, que sacudiam flâmulas com as cores de um time de uma escola não muito longe dali, gritando com grande excitação. Haviam ganho o jogo. Eram barulhentos, felizes, unidos, sem nada no mundo que os preocupasse.
Nenhum deles conhecia o garoto que estava ali sozinho, na estrada juncada de folhas mortas, mas acenaram para ele.
Ele ergueu a mão numa tentativa de retribuir o gesto, mas desistiu.
O rock dissipou-se naquela noite chuvosa.
Alguns minutos depois, lá bem no alto, no ar, o canto quase imperceptível de pássaros fê-lo erguer os olhos e ver a revoada de gansos em um V, batendo as asas lentamente na direção do sul.
Sentia-se desolado e terrivelmente só diante daquele grupo tão alegre no carro. Será que alguma vez se sentiram sós, indefesos? E por que se sentiriam assim? Tinham uma família de amigos. Se um dia um medo terrível se apossasse deles, sempre encontrariam alguém para apelar, com quem pudessem falar. Se um deles desejasse passear com um carro, bastaria telefonar para um amigo, qualquer um, do seu círculo de amizades.
Rispidamente, o violinista disse consigo mesmo que a autocomiseração não resolvia nada. Sentou-se no frio banco de ferro e começou a tirar notas chorosas de seu violino. Sinceramente ele pensava estar “no automático”. Pôde sentir que sua música estava rasgando a noite, acordando corujas e agitando morcegos. Mas os candeeiros não se acendiam. Podia sentir que ia explodir de euforia, mas estava se parecendo mais com um rato na gaiola.
Onde pensava chegar estando “no automático”?
A inércia o impelia a quase se odiar de novo. É humilhante olhar-se no espelho todos os dias e tentar exorcizar os seus piores demônios sem sucesso algum. Sinceramente se sentia como um sanguessuga.
Não precisava de gente que o podasse, que observava seu jeito para tentar mudá-lo... Já passara dessa fase. Se havia alguém que precisava mudar eram essas pessoas mesquinhas que se importam somente com o seu umbigo. Detesta gente bipolar, que o faz pisar em ovos o tempo inteiro.
Gosta de caminhar em solo seguro. Nunca foi de grandes aventuras... Mas precisava de uma.

A música avançou pela noite, distanciando-se cada vez mais. E assim como a sua música ele precisava se distanciar dessa Babilônia, de toda essa balbúrdia.

Ao som de “Anywhere – Enanescence”.