sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Happy New Year^^

E não se esqueçam: Sempre jogue sal sobre o seu ombro esquerdo,
 tenha alecrim no seu jardim, plante alfazema pra dar sorte e
apaixone-se SEMPRE QUE PUDER!
 Enfim chegamos ao fim do ano. E é nesse momento que paramos para pensar em várias coisas, em vários fatores, em quantas vezes vivemos e morremos no decorrer do ano.
Eu gostei MUITO de 2010. Foi um ano pleno em que pareci aprender mais do que em qualquer outro. Novas constatações, novos valores, novos amigos, faculdade, trabalho... Mas o que é mais importante: Foi o meu PRIMEIRO ano depois do coma. 
Engraçado como esse coma sempre vai fomentar páginas e páginas de textos por aqui, porque sério, a cada nova experiência eu me baseio como pensaria nela antes do coma. E é incrível ver como tudo mudou...
É exatamente como se eu estivesse de volta. É óbvio que poderia ter vencido tal fator, mas ainda continuasse feito um zumbi. O fim vai se reunindo com o princípio, entende-me? Como a chuva... Água que desce do céu para retornar em forma de vapor,que se condensa em nuvens. Ou mesmo como a semente, que na terra deve necessariamente morrer para dar vida a um novo segmento de seu interior. Como o metal precioso,que passa pelo fogo para se livrar das impurezas. E como o vento,que provoca som ao atravessar os juncos e depois volta a ser simplesmente ar. Eu, como reles mortal, tive que enfrentar a escuridão para depois reaparecer na luz. E cá estou, meus queridos.^^

As vezes senti como se tudo fossem as estruturas sobre as quais vidas foram erguidas em minha suposta ausência. E é inevitável não pensar em todas as relações que aconteceriam depois que eu partisse. As vezes tênues, as vezes feitas a grande custo... Mas geralmente, seriam magníficas! Comecei a ver as coisas de uma forma que me deixou permanecer no mundo sem estar dentro dele. Foi estranho mas me ajudou a conhecer melhor as pessoas. E percebi que ninguém nota quando nós partimos... Quer dizer, o momento em que realmente escolhemos ir. No máximo você pode sentir um sussurro, ou uma onda de sussurros descendo sinuosamente. Sabe que som é esse? 
É o som da saudade e a voz da perda. Simples assim. E é impossível não lembrar das perdas, não lembrar de certas pessoas que ainda parecem estar aqui, justamente por terem sido tão presentes. Apenas digo que amo-as, e que esquecê-las é algo fora de cogitação.

E com toda essa coisa de fim de ano é imposível não ficar um pouco mais nostálgico que o normal. É só fechar os olhos que eu lembro de cada momento, de cada palavra. De cada tristeza.

Há momentos que iluminam nosso caminho. Que marcam a vida por sua intensidade. Cada um desses instantes é como uma centelha sempre acesa... Quando relembrados, logo se transformam em fogo ardente. Uma chama que aquece o coração e faz com que os olhos tenham o brilho inconfundível da alegria. É como ter um tesouro secreto... Que nutre seu viver e te faz lembrar que mesmo que a noite pareça a mais escura de todas, sempre haverá uma manhã aconchegante e ensolarada por vir. Pode ser um dia nevoento, exatamente como o de hoje, mas ainda assim é dia e há sol, mesmo que ele esteja pálido.

E que venha 2011, porque dessa vez quero sentir verdadeiramente as coisas, mesmo que estes sejam tempos difíceis para os sonhadores!

Um Feliz Ano Novo à todos.

Amo todos vocês... Como? Ah, meus queridos, isto fica a cabo de nossa borbulhante imaginação.^^


Ao som de "Last Time", Paper Route.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

As Últimas Coisas

Era uma noite quente como aquelas em que passamos horas a fio buscando inspiração nas mínimas coisas, mas ela não vinha justamente pela euforia que essas noites trazem... Que é quando fica mais difícil organizar as idéias na cabeça, se é que me entendem.
Mas era uma noite propícia para bons diálogos, para se contar estrelas, para se ouvir o som do mundo ou simplesmente para fazer promessas ou pactos.
Poderia soar meio estranho, mas as coisas que começariam a se firmar a partir dali estariam escritas a fogo, como em superfície rochosa. Poderia ser um momento muito delicado e tênue para firmar pactos tão sérios e silenciosos. Mas eles estavam completamente cientes daquilo que planejavam fazer. Era uma forma de fechar as portas afim de que não olhassem para trás, afim de que não vissem o que se escondia abaixo da soleira, como se esperasse para assombrá-los.
Até ali não tinham falado tão seriamente sobre os últimos fatos, sobre as últimas coisas acontecidas, mas pairava no ar ainda alguma frustração indignada, um certo serrar de dentes maldoso, algum lamento choroso que se perdia na noite entre orações que pareciam vãs.
Sentia-se agora uma atmosfera aconchegante, de uma amizade crescente, de um companheirismo em comum, de uma luta parecida, de um pesar que saltava os olhos por razões óbvias mas incompreendidas por outros. Não, Os Outros não entenderiam, eles jamais veriam como eles viam. Jamais sentiriam como sentiam. Era tudo uma questão de vivência, tudo uma questão de coisas passadas mas que ainda permaneciam vivas diante de suas retinas.

Ah, as retinas. Essas sim falavam e poderiam contradizer todo o motivo daquilo, tudo o que fora vivido até ali.

E na medida em que a madrugada foi adentrando o recinto com cheiro de livros e incenso, o laço apertava-se em volta da decisão. E enfim foi levado adiante. Eles escolheram se calar e para isso nem precisaram juntar as mãos, cortar as palmas e selar com sangue precioso. Não, as palavras acorrentam de um modo muito mais pesado e machucam muito mais do qualquer adaga. Por isso o silêncio.
Por isso o amor disfarçado de indiferença.
Por isso a invisibilidade opcional.

E enfim, apenas fitaram-se no fundo nos olhos. De um lado duas noites de Lua Nova, e do outro, dois Lagos tão Azuis e Profundos que poderiam guardar qualquer coisa, confinando-a numa espécie de espera infinda, afastada de tudo. Sim, ali, banhada pela luz da Lua Nova e pela água tão azul, a coisa poderia morrer em paz, sem ter que machucar ninguém ao tentar fugir e ganhar forma.
Teria as asas podadas e os olhos vendados. Inerte, não teria capacidade de se mover e definharia. Afinal, dores dessa natureza costumam ser egoístas e precisam de medidas drásticas. Não são donas de ninguém, mas agem como se fossem.
Mas eles continuavam perto, esperando e prontos para irem para longe se preciso fosse. Poucos os acompanhariam, eles sabiam, mas precisavam conhecer muitas coisas e somente os amigos lhe serviriam caso tivessem de ir mesmo. 

Poderia nunca chegar essa hora, mas o que eles sabiam é que lá, dentro de cada uma de suas retinas que agora começavam a cintilar com um brilho novo, eles estavam longe para que não ouvissem os ecos de tudo o que se passou nos últimos tempos.

Ao som de "Sacra", Apocalyptica.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Querido Tempo...




Parece que eu tenho me guardado em algum estado de sonho, como se eu estivesse apenas dormindo ou como se fosse uma espécie de turista nesse mundo desperto, porém é como se eu nunca estivesse completamente acordado. E sei que nenhum beijo, nenhuma palavra gentil poderia me acordar deste sono até que enfim eu percebesse quem foi que me segurou tão abaixo de todas as minhas capacidades. 

Senti isso no momento em que segurei suas mãos com força, como se eu quisesse que você não corresse para longe de mim. Senti em meus pés, nas cavidades das minhas pálpebras, sacudindo com força através de meu crânio, através de minha alma. E foi difícil me manter firme, foi difícil não chegar mais perto, foi difícil tentar ignorar o cheiro adocicado dos seus cabelos. Me senti tão vulnerável, tão desarmado e sem palavras.
Mesmo que agora eu não sonhe mais com os mortos... É como se a própria morte tivesse sido desfeita e isso não faz sentido algum. Estes mortos eram meus próprios fantasmas, e agora que não sou mais assombrado por eles eu não consigo me habituar a este lugar sem ecos, sem projeções. Agora, sei que não estou mais sonhando como um garoto tão apaixonado num mundo todo errado. 
Não quero desistir de novo e viver como se estivesse fugindo. Isso me machucaria demais. Não quero armar camas por onde quer que eu passe para então poder sonhar com um dia melhor. Isso não adianta. É momentâneo. Restou alguém que vai entender que eu sou feito de carne e osso? Acho que eu estou vivendo como um ausente e tudo o que eu estou querendo é que você me perceba. 
E eu ouvi trovões e vi esplêndidos relâmpagos dentro da minha mente. Tudo ao redor do meu mundo começou a entrar em movimento, ali eu soube que nunca poderia voltar... Pois todas as paredes feitas de sonhos foram despedaçadas e  abertas. Não sei se o encanto se quebrará, não sei... Apenas digo que sei a cristalina verdade sobre você.
Me deixe segurar sua mão, minha querida... Pelo menos até a fumaça clarear. Nosso amor virou guerra esta noite e eu ainda não consegui entender por que eu vou em círculos.
Nesta noite eu me lembrei de que as vezes eu sinto que há um buraco dentro de mim, um vazio que de vez em quando parece queimar... Se encostasse meu coração em seu ouvido provavelmente ouviria o oceano, e a Lua hoje tem um círculo a sua volta, sinal de problema não muito longe... E eu sonho não estar só, não ir dormir a noite sozinho. E as vezes quando a brisa é morna ou os grilos cantam, sonho com um amor que faça até o tempo se curvar a ele. Eu quero alguém que me ame, eu quero ser visto! 

Sei lá... Talvez eu já tenha tido a minha felicidade. Eu não quero acreditar, mas, não há ninguém. Somente a Lua.

Ao som de "Crystal", Stevie Nicks.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Vá...

Acho que nunca relutei tanto para fazer um post. Nunca fugi tanto de um assunto como venho fugindo desse. Me ocorre agora que eu sempre fugi de muita coisa, mas hoje eu nem me espanto mais com a maioria desses meus medos antigos... Mas o que fazer quando alguém sucinta dentro de você algo que você jamais imaginaria sentir de novo? Até aqui tudo bem, é claro... Mas e o que fazer quando todos os planos, todas as esperanças e coisas obtidas forem simplesmente descartadas bem ali, diante da sua face atônita e ainda pálida de ilusão?
Infelizmente isso aconteceu comigo de novo. Eu me senti tão idiota, tão envergonhado... Tão burro! Acho incrível a capacidade do ser humano de cair tantas vezes no mesmo erro e ainda se sacrificar, sangrar e se lamentar como se fosse a primeira vez. Dores dessa estirpe sempre me foram longas companhias, mas elas estavam vivendo numa espécie de casulo dentro de mim por algum tempo. Eu simplesmente já tinha me esquecido. Não... Eu não podia pisar em falso de novo, eu não podia ter ficado tão desatento.
Conte-me você se este é o preço que pago pela minha imaturidade nesse campo da minha vida! Mas o que realmente me faz ter dúvidas é de onde vem a maior parte da imaturidade... Das coisas efêmeras? Ou do achar que é só 'anular' e está tudo bem? Queria realmente saber se já foi ensinado a você que de algum modo corações tem vida, que por eles não passa só sangue, mas também sensações e sentimentos. Definitivamente, acho que não.
Mas o que também me faz ter dúvidas é pensar em como você vê toda essa situação. Por favor, eu gostaria de saber se pelo menos eu não estou sozinho ao pensar nisso tudo, que pelo menos você pensa, que você sente muito. 

Muito. 

Mas o pior não é não conseguir... O pior é desistir de tentar, entregar os pontos enquanto para a outra pessoa tudo parece estar bem, quando na verdade você queria que ela visse que você queima por dentro, que cada maldita hora do dia parece trazer algo que a lembre. É cruel, sabia? Dói, machuca e parece não ter fim. Eu cresci ouvindo anedotas, clichês e todas aquelas chacotas que sempre fazem , frustrações sobre amasiar, se casar, se entregar sempre me  soou como fraquejar, como enfim aceitar algo que não tinha de acontecer. Ou tinha? Não sei... Talvez eu nunca saiba.
Todo mundo quer um alguém para amar, geralmente é o que acontece, não é mesmo? E eu sofro com toda essa ilusão que me trai porque toda vez que essa traição acontece o meu coração se desfaz em mil cacos. E acredite: o tempo que levo para recolhê-los e juntá-los me é tão doloroso quanto engolir cada um deles. 
E não me olhe assim, como se eu estivesse pegando toda a dor para mim, como se eu estivesse me fazendo de vítima. Porque você sabe que não há nenhuma mentira em tudo o que estou dizendo aqui. Você sabe porque viu tudo escrito nos meus olhos, no meu toque frio, nas minhas investidas inúteis.
Inúteis... Isso nunca me soou tão adequado.
Mas acho que devo ser mais direto, mais concreto... Já não é mais hora de ficar contando minhas dores, até porque nem faz muita diferença, não é verdade? E se faz, por que eu estaria surpreso? O que na verdade penso é que eu queria ter coragem suficiente pra te falar tudo pessoalmente. Mas, ou você é simplesmente ausente ou indiferente. Já te contaram que indiferença é pior do que pena? Sabe por que? ... Porque ela é a falta de sentimentos propriamente dita.
Mas agora eu me sento e num esforço tremendo peço para que vá... Simplesmente vá. Não fale mais, leve o que é seu e só. Vá, que o sol já vem e com ele outro dia... Vá se descobrir, vá crescer, entender e saber o que quer,  QUEM você quer. Por favor não me faça mais chorar como se eu fosse nada. Isso servirá para o ego do meu bem. Por favor me deixe um pouco em paz, mesmo que eu sofra ainda mais. No momento tudo  aqui dentro é seu, mas creio que amanhã serei bem mais feliz... 
Você sempre afirmou que eu nunca chorei ou choraria como você. E eu me pergunto se sua indiferença deixou que você enxergasse as lágrimas que corriam pelo meu ego. Foi tudo uma questão de ego ferido? Tudo uma questão de uma disputa burra de valores? Não, foi algo sublime e em algum lugar ele permanece bem e esperando, como se nada jamais tivesse acontecido, como se nós jamais tivéssemos passado por uma guerra ou como se agora não tivéssemos nenhuma das cicatrizes do ontem.

Eu era um coração pesado para carregar e tudo parecia muito deprimido. Eu atei meus dedos ao seu pescoço mesmo sabendo que você me deixaria ali lentamente pra que eu me afogasse em meus lamentos, em todas as coisas que me faziam chorar. Meu amor tem os pés de concreto e é como uma bola de metal maciço, não é verdade? Acho que ninguém aguentaria. Sou muito pesado para seus braços...

Preciso ser mais forte, para que eu não volte atrás... Isso vai ajudar aliviando o desespero, e adiando o sofrimento. Pois disso se sofre, sem dúvidas. Antigamente, quando eu era uma criança e tudo se resumia a um simples teatro, eu poderia dizer que esta era só mais uma encenação, mas infelizmente não é assim tão fácil. 
Mas gostaria de dizer que não consigo nutrir ódio por você. Aliás, esta é uma capacidade inativa em mim. Simplesmente nunca consegui ter ódio de ninguém. Vem e passa, e isso não é ódio. É frustração. O que na verdade eu quero muito é que você fique bem, porque depois eu não estarei aqui pra te cuidar nem pra te mimar... Você me quer bem eu sei, mas não vai muito além disso. Não se trata de não se entregar... Afinal, paciência não me refaz. O que sei é que a vida pode e deve me dar alguém por inteiro.

Mas eu queria que ainda me fossem respondidas algumas coisas... 

Valeu a pena esperar todo esse tempo desperdiçado? Responda-me se você é forte o suficiente para ficar protegendo tanto o seu quanto o meu coração. Quem é o traidor? Quem é o assassino no meio da multidão? 
Eu quero que neste momento você leia isso com tanta atenção que seu coração vai parecer queimar e que esta seja a minha última confissão: Eu TE AMO como nunca senti uma bênção, porque eu creio que dores não são abençoadas. 

E sussurro isso como se fosse um segredo para condenar aquela que lê isso com um coração ainda pesado. Não tenho todas as suas armas. E é essa a única forma que eu tenho de me vingar.


Eu lutei, mas lutei pouco porque não tive armas. Estou partindo e não se preocupe. Vai ser como se eu nunca tivesse existido.

Ao som de "Heavy In Your Arms", Florence + The Machine

domingo, 12 de dezembro de 2010

Delicate Things

Porque enfim, parece que ao invés de as coisas se tornarem cada vez mais fáceis, elas se tornam bem mais complicadas e aos poucos merecem ser esquecidas, porque pra quem não tem muita paciência essa é a melhor tática.

Esquecer.

Bom seria se essa palavra fosse algo que me soasse familiar... Nunca foi, porque simplesmente não consigo fazer muitas coisas quando a ordem natural é: deixar pra lá - esquecer - deletar.
Meu novembro foi simplesmente uma correria total. Fim de período na faculdade, trabalho e curso mesclado. Foi a morte, praticamente. Mas não foi só correria. Foi nostalgia, foi constatação, foi medo, foi melhorias, foi retrocessos, foi evoluções, foi e não foi. O que eu realmente queria era dizer que foi um doce novembro, daqueles de filme mesmo, sabe?
Mas já é patológico: quando se observa por muito tempo algo que nem se costumava perceber não demora muito e uma concepção totalmente diferente é formada. Seja acerca de um sentimento, de uma coisa, mas PRINCIPALMENTE de uma pessoa. Você já ouviu dizer que as coisas só são boas se não forem vistas de perto?
Então, é mais ou menos isso. É um pouco como constatar certas coisas que você não aceita e assim mudar conceitos tão rapidamente quanto piscar os olhos. Num segundo ERA. No outro NÃO ERA. E aí se pergunta... 
Vai ser?
Não, não vai ser. Nem precisa ir muito longe pra saber. Não precisa MESMO. E dá-se pitis, faniquitos e aparecem caras feias, birras, bater de pés, braços fortemente cruzados em birras contra a vida. Mas quem disse que faniquito não cura? Quem disse que açúcar e afeto não podem curar? É, na verdade nem curam, mas ajudam!
Os faniquitos são só as indiferenças. Açúcar e afeto são os amigos. E quando se fala de afeto, quando se fala de amigos, quando se menciona as indiferenças é indispensável lembrar do passado, dos mesmos questionamentos, da mesma falta de sorte, dos mesmos tropeços e caras quebradas.

Novembro foi novembro. Quebrei asas, quebrei dogmas, mandei pastar, quis matar, quis xingar. Agora é o meu dezembro que já vai indo também. Calei, sarei, voei. E pra bem longe...

Ao som de "Vá", Vanessa da Mata.


domingo, 5 de dezembro de 2010

Eu só consigo chamar de saudade...

Simplesmente porque sei que nem vai voltar, simplesmente porque tem dias que parece doer mais, simplesmente por ter sido tão bom que as vezes nem parece ter sido real.
E eu pediria pra que tudo voltasse, eu piscaria os olhos e contaria histórias de novo... Seguraria sua mão e tomaria banho de chuva.
E não seria ruim fazer chocolate, nem gritar eufóricamente alguns feitiços ou simplesmente pedir licença para pegar uma flor ou mesmo imaginar que o tempo jamais passaria, que as coisas jamais mudariam...
Agora penso que a saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que se instala toda vez que se lembra das longas tardes no jardim gramado, ou mesmo das noites quentes na varanda.
E quando isso não cabe no coração, escorre pelos olhos. Me sinto como se fosse evanescendo aos poucos, subindo em pequenas lufadas de poeira estelar. É como se o momento tentasse fugir da lembrança para acontecer de novo... E isso ele não consegue.
Dos nossos planos é que tenho mais saudade. Mas não gosto de me lembrar que estes também se perderam. Esse amor por um passado que ainda não passou, toda essa recusa por um presente que me machuca, o futuro que me convida, mas não o vejo.
É engraçado como ainda vejo alguns vislumbres, como ainda sinto algumas coisas, mesmo que agora o tempo passe rápido demais, ou mesmo que os dias anoiteçam mais rápido. Ainda percebo seu olhar e seu jeito sereno que sempre me fizeram muito bem. E você me diz: "Pode ir, tudo ainda existe, só não do mesmo jeito."
Mas agora percebo que o que quero é lembrar-me do passado, não com melancolia ou saudade, mas com a sabedoria da maturidade que me faz projetar no presente aquilo que, sendo belo, não se perdeu.
Mesmo sabendo que é um pouco difícil porque metade de mim é partida, mas a outra metade é saudade...

Ao som de "Meet Me on The Equinox", Death Cab For Cutie

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Quatro anos de Idle Days! \o/


E mesmo que este meu cantinho não tenha todas as visitas que eu desejo, mesmo que as postagens que eu mais quero que sejam vistas quase nunca são comentadas, mesmo que isso aqui tenha sido palco de tantos desentendimentos e alguns desabafos pesados... EU AMO MUITO TUDO ISSO!!

E que venham mais quatro e que eles se multipliquem por quatro e mais quatro e mais quatro...!


sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Porque é que me deixastes?

"As pessoas não morrem... Ficam encantadas."

Algumas coisas precisam de conclusão. Outras se concluem sozinhas. A conclusão é como terminamos, acabamos, chegamos ao fim. Hoje, enquanto escrevo este texto, posso dizer que mais uma fase da minha vida chegou ao fim.
Quando perdemos alguém, seja um amigo humano, canino ou felino, sofremos porque temos certeza da saudade. Raramente compreendemos que aquela partida é um ponto final por aqui. Mas ela só leva a outra história.
Todos perdemos amigos que amamos. Alguns de forma mais brusca, outros de forma mais suave, mas, cedo ou tarde perdemos. A dor é inevitável. Não fuja dela, sinta e respeite a sua dor. Suas lágrimas são o alicerce de seu caráter, como a cera da vela que chora e se acumula ao seu pé. Elas o lembram do que é REALMENTE importante.
Quem parte leva consigo algo precioso. Parte do seu passado, de suas lembranças, de quem você é. Por isso mudamos tanto quando perdemos alguém. Não somos mais os mesmos. Não quer dizer que seremos piores a cada perda. Nem melhores. A mudança para pior, ou melhor, é escolha sua. É uma nova fase, uma nova etapa, em que alguém que você ama passou de nível e você precisa aprender a viver com uma dolorosa ausência.
Aquele espaço vazio no coração que não pára de doer... Não pára de doer porque não está vazio! Nunca estará se você deixar. Os amigos que partem continuam lá, morando em nosso coração. Você não precisa deixar de amá-los... Apenas aprenda que pode fazer isso com mais desapego. Amar deixando livre. É difícil pra caramba!
Que dói, dói! Dói MUITO! Doer sempre vai. Mas você se acostuma e a dor vira saudade, mas sempre vai doer. Se muito ou pouco depende de você. A saudade fica, mas o intervalo é breve. Vamos nos reencontrar com aqueles que amamos. Haritânes viveu entre amigos e deixou este mundo num sono doce e quieto. Nem toda ida é uma tragédia. Nossa amiga Tany era conhecedora da palavra, cheia de dons e portadora de luz e amor infinitos. Há sete dias atrás seus olhos se fecharam com um beijo dos céus, seu coração descansou e ela voltou a ser o que era um segundo antes de sua concepção. É preciso que entendamos... A Vida é a mais deslumbrante das coincidências. Ou seria o amor?  Tanto faz porque o amor é de fato uma das melhores coisas que há na vida e, portanto é vida também.  E eu me sinto muito honrado por ter tido ela ao meu lado por 19 lindos anos.
E sabe, eu jamais vou me esquecer que foi ela que me ajudou com meu primeiro amor, de como passávamos horas em cima da goiabeira no quintal de sua casa, de como sempre forjamos os mais belos mundos para nós e os mais belos destinos... Da forma como ela tratava a cada um de nós amigos, de como ela adorava ler meus contos e histórias e sempre torceu pela publicação de um deles, de como ela sempre será a nossa Velhinha da Caixa Bozó, ou de como ela cantava a música da Big White... Ou simplesmente da forma única que ela tinha de expressar o seu amor por todos nós...  Mas Deus e nossa Mãezinha precisaram de nosso anjo, de nossa eterna princesa.
Só ao tomarmos consciência da finitude podemos olhar a Lua com assombro, viver a poesia e nos confortarmos verdadeiramente nos braços do Pai. Pode parecer contraditório, mas precisamos saber o quanto somos pequeninos diante do Universo para conseguirmos compreender como é grandioso estar vivo e não cair na verdadeira tragédia: passar a vida à toa, não buscar o amor de Deus, contentar-se com pouco, fechar-se para a felicidade. Nessa nova fase vou aproveitar ainda mais os meus amigos, os de longe e os de perto, do céu e da Terra. Haritânes provou que viver entre amigos e junto a Deus é a melhor vida que alguém pode ter. E não poderíamos querer outra!

Sentiremos muito a sua falta, meu anjo... Interceda por nós!



Ao som de "Song to The Siren", This Mortal Coil

domingo, 17 de outubro de 2010

Dezessete de outubro de dois mil e seis...

Quatro anos agora, não é mesmo?

O meu último post foi para você, e eu o escrevi de uma forma na qual ele completasse este aqui. Quatro anos se passaram e estamos vivos e acima de qualquer suspeita. Depois de tudo, penso que nó fomos as pessoas mais fortes deste mundo. Nós vencemos tanta coisa, passamos por tudo e agora nada mais daquilo representa perigo algum. E se existe algum perigo, esse vem de dentro de nós, ainda escapando de nossos mundos imaginários. E sobre estes, já podemos dizer que temos pleno controle.
Ah, minha Mialle... Essa é a grande questão: a nossa amizade se construiu de um modo tão peculiar que talvez por isso esteja tão mais bem preparada para tudo. Estas grandes miudezas, estas pequenas grandiosidades. Tudo nos cerca de um modo tão lindo, de um modo tão perfeito, que eu não quero mudar uma pincelada sequer desta nossa pintura, de nosso céu tão bem arquitetado com as nossas mais preciosas estrelas. Estrelada, noite estrelada.
E me lembro de tudo, de como vi aquela garota esnobe me olhar de modo debochado, de como pouco tempo depois falávamos de bruxaria e Harry Potter como se fôssemos as pessoas mais íntimas do mundo... E de como tudo se fortaleceu de um modo tão doce e tão profundo que para sempre aquele início vai ecoar no tempo... Algo como uma lenda, um conto para aquecer corações do futuro ou do passado. 
E ainda posso sentir seu cheiro, o toque trêmulo de suas mãos nas voltas de meus cabelos, nossos abraços demorados e cheios de entrelinhas. E percebo que tudo o que vivemos vai estar para sempre comigo... É impossível apagar, assim como é impossível cortar os laços que se firmaram entre as fitas roxas e verdes entrelaçadas no nosso firmamento...

 WOAINI PARA SEMPRE!



Ao som de "Scars On Land", Kings Of Convenience

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Desde que eu me lembre...


É assim que me sinto agora. Exatamente no controle, como sempre deveria ser. Mas agora você também pilota ao meu lado e então vamos vencendo todos os obstáculos dessa longa estrada de nossa mui estranha amizade...
Eu sabia que ritualizaria tudo para lhe escrever tal carta. O incenso que exala o cheiro de Damas da Noite aceso, a meia luz para dar o nosso clima e aspecto de uma noite fria, as músicas que sempre embalarão a valsa louca de nossas memórias. E então é seu aniversário... E então são dezenove anos de idade. Sinto como se estivéssemos à beira de voar e peço que você não solte a minha mão.
Quero que a segure bem firme, pois estou disposto a te levar pelo infinito comigo, afim de que flutuemos nas brumas que envolvem Avalon ou que assim pousemos para sentir as mornas ondas que banham as praias de Atlântida.
E que não descubram nossos esconderijos, que não encontrem nossas máscaras depostas, que não nos acusem de nossos crimes silenciosos. Porque agora tudo parece tão normal dentro de todo este caos? O seu menino de olhos cinzentos já chegou, bateu a sua porta e então a fez voar também.
Mas então eu direi que aqui estou e que sei que jamais soltaremos nossas mãos... A Terra do Nunca nos chama, minha Wendy. Lembra que o tempo muda de acordo com o meu humor? E tudo é meio sem sentido mesmo ... Mas o que faz menos sentido nisso tudo é o fato de ainda sobrevivermos. Mas não estamos aqui para entender isso... Estamos aqui para viver isso.
Afinal, nem o inferno, nem os problemas, nem mesmo todas as pessoas do mundo, nem todas as desgraças e infortúnios, as lágrimas e a má sorte, nada pode separar uma amizade como a nossa. Nada pode nos manter distantes, nada pode fazer com que fiquemos sozinhos, mesmo que estejamos em pólos opostos do planeta.
Eu me apoiarei em você e você se apoiará em mim e então ficaremos bem. Nem todas as cidades, nem todos os países, nem toda a falta de condução, nem o Diabo! Nada, exceto o Único pode conosco.

Eu sempre estarei ao seu lado, Pad!


Sempre...  Feliz Aniversário Mialle!



WOAINI PARA SEMPRE!


IF YOU ARE ALONE, I’LL BE YOUR SHADOW.
IF YOU WANT TO CRY, I’LL BE YOUR SHOLDER.
IF YOU NEED TO BE HAPPY, I’LL BE YOUR SMILE.
BUT ANYTIME YOU NEED A FRIEND, I’LL JUST BE ME…


Ao som de "Elephant Gun", Beirut.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Todos estes nós aqui dentro...

É certo que tudo o que fazemos se torna um laço... E digo que minha vida as vezes parece um grande emaranhado, se é que você entende a metáfora que estou fazendo agora.
Mas o que quero perguntar é que... E quando estes laços se tornam nós? E quando estes nós apertam não só em seu coração, mas também em sua garganta, pulsos e em tudo o que o faz lembrar daquilo que se denomina de afetividade?
Não sei, ando tão insensível... Mas nos últimos dias, confesso, ando choroso e demorado. Estou parecendo o Saymon antigo, aquele que morreu lá na mesa de cirurgia há um ano e quatro meses atrás.
E ainda tem a mais constante das questões: as do coração. Eu acho que eu nunca quis TANTO que isso fosse mais fácil pra mim. Mas, quando você fica tempo demais dentro de uma concha de perdas e frustrações , não é de se estranhar que a luz machuque os seus olhos.
Não sei, as vezes eu também me acho absurdamente chato com esse lance 'eternamente frustrado' ou 'o sem sorte' ou simplesmente 'o sem jeito pra essas coisas'.
Mas ontem me disseram que há um tempo pra tudo... Tempo. Já faz um tempo que parei de me importar, já faz um tempo que eu nem sei como é sentir, já faz um tempo que eu nem consigo fechar os olhos e lembrar de algo que me faça feliz nessa área.
Mas eu fiz isso consciente. É como ter uma jóia nas mãos e não usá-la por ser pesada demais. E o seu peso só me levou para baixo, sempre mais fundo. Eu tive de me livrar daquilo! Mas agora procuro meios de resgatá-la, de sondar afim de encontrá-la.
Isso aqui nem era pra ser um desabafo, sabia? Mas é que hoje tive tantos sentimentos ao mesmo tempo! E desabafo é coisa de bêbado... Prefiro dizer que isso foi só um momento de fraqueza. Já chega, tô parando por hoje...

Preciso desfazer vários desses nós para que o Grande Tear volte a girar.


Ao som de "Alice", Cocteal Twins

sábado, 2 de outubro de 2010

October ^^

No momento em que eu vi a cidade avermelhar e o céu parecer se contorcer, eu me enchi de felicidade tremenda.
Senti meus cabelos se erguerem com a súbita ventania que entrava com violência pela janela do escritório trazendo folhas e pó. 
Senti vontade de correr para o pátio da empresa e rodar até cair e sentir as gotas pesadas caírem com violência. Estava precisando tanto de um dia chuvoso que fiquei tão eufórico que poderia gritar!
Dali a pouco a brisa fria entrou como um amiga saudosa, trazendo o cheiro de terra molhada que me lembra paz, chocolate e coisas felizes.
Enfim, outubro já deixou sua mensagem. Mostrou porque me faz feliz. Além de ser repleto de datas especialíssimas ele é o primeiro dos três meses faltantes para o início do fim. O princípio para que venha o meio e o fim. E agora penso que tenho tudo para fazer um Samhain perfeito, mas lembro que não tenho pessoas para isso. Talvez um Esbat role, mas de forma bem rasa.

Hoje falei sobre as pessoas. Contei do quanto não as consigo entender, contei da minha mágoa contida e da minha raiva ressentida. Mas falei também sobre a minha indiferença e sobre o quanto isso parece nem importar mais. Mas se eu falo importa, não é mesmo? Bom, incógnita mesmo é o que a chuva faz com meus sentidos... E com toda essa onda "nonsense" lembro o que eu disse:

"As pessoas não têm noção do que podem fazer com as vidas umas das outras. Mas isso não importa. EU sei."

Ao som de "The Cruel Mother", Lothlórien.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Esse tempo que passa...

Mesmo quando isso parece impossível,  mesmo quando cada tique do relógio faz sua cabeça doer como  se fosse um fluxo de sangue passando por uma ferida, ele passa desigual, em estranhos solavancos e levando a calmaria embora, mas ele passa. Mesmo pra mim.

Luz de Candeeiro

Eu realmente nem acredito nesse mês. Ainda estou tonto pelas tantas coisas que aconteceram num espaço curto de tempo. Bom, um mês não é necessariamente um tempo curto, mas aí eu lembro da tal frase: "Os dias são longos e os anos são curtos." Mas neste mês foi tudo muito efêmero, mas nem por isso insignificante.
Me fez lembrar e constatar tanta coisa, me fez sentir tão mais forte e ao mesmo tempo tão igual... A princípio foi um mês cruel. Primeiro porque ele me lembrou o quanto você pode se decepcionar com as pessoas. E cara, sinceramente, há tanto tempo que eu perdi essa capacidade de me importar que nem lembrava que doía.
Mas foi a mesma coisa sentir que  mais um amigo se afastava, se perdia nas brumas da minha nova indiferença, pois enfim, eu já não o reconhecia mais. Era para mim um estranho. Já não era objeto de admiração... Sim, porque tenho admiração profunda por meus amigos. E creio que isso é recíproco. 
Bom, pelo menos era pra ser.

E também me lembrou coisas que sempre preferi deixar de lado, porque embora tentasse, nunca fui jeitoso com tais questões. E fui assaltado por uma profusão de sentimentos, algo como um turbilhão que passou, bagunçou tudo (de novo) e agora vai me custar um tempo enorme para que eu arrume tudo novamente.
Você já levantou os braços e rodou muito, muito depressa? Então, isso é assim. Faz seu coração disparar, vira o mundo de cabeça pra baixo, e se você não tiver cuidado, se não fixar os olhos numa coisa imóvel, pode perder o equilíbrio e não vai poder ver o que acontece a sua volta. Não vai perceber que está prestes a cair... Alguém não me deixaria cair? Acho que não. Não por agora, pelo menos.
E eu penso que eu seria burro o suficiente para fazer um Amas Veritas... Mas isso seria uma forma de afastar as pessoas erradas. Assim eu talvez não ficasse bobo de novo. Assim talvez eu tivesse tempo de me desarmar, de esquecer...
Mas não foi um mês negativo. Como já disse, me esclareceu muitas coisas, reafirmou alguns laços, me mostrou muitas promessas... E é claro, estou disposto a tudo para conseguir fazer com que o tempo as cumpra. Neste ponto não reclamo. O tempo sempre me foi verdadeiro na maioria dos aspectos. Me trouxe o que tinha de trazer... Mas eu não me contento só com isso.
Na verdade eu me senti como se empunhasse um candeeiro e que ele estivesse iluminando todo o meu caminho, expulsando os monstros, calando a noite cruel e dissipando a bruma pesada que se instalou na forma sempre nostálgica que tenho de pensar. Por isso continuo perdendo medos. Por isso continuo indo em frente. E é bom ver que o que está morto já nem me assombra mais.


Ao som de "A Case of You", Joni Mitchell.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Twenty - Four - The person that gave you your favorite memory

Se lembrar dos tempos, dos nossos momentos... Lembre da nossa música.
Naquele 26 de janeiro de 2007 eu levantara mais melancólico do que de costume. Na noite passada meu espetáculo fora notável diante de uma platéia de amigos. Àquela altura, de manhã, eu já havia feito o nariz de um colega sangrar e metade de suas canetas estourarem com meus sortilégios afoitos... E eu não dirigi uma palavra sequer a você, porque sabia que te machucaria. E segui assim até o meio da manhã, me roendo de vontade de falar contigo. Mas me desculpe... Eu precisava ser mais teatral ainda. Precisava consolidar o meu "grand finale".
E bem ali, no meio do pátio mesmo, enquanto você subia cabisbaixa, eu me aproximei sorrateiramente. Naquele momento o vento nos envolveu e eu olhei bem fundo em seus olhos. Você abriu os lábios para balbuciar algo, mas logo eu os serrei com meu indicador, num gesto de silêncio repentino. E suas palavras fugiram, escaparam. E eu somente te abracei quando naquele momento a música tocou em meus ouvidos. E todos olharam, todos coxixaram, mas só nós sabíamos a importância daquele gesto. Até hoje eu não sei denominar aquela música, mas sei que ela pôde ser ouvida em todo o Universo. Você vai sempre estar em meus melhores espetáculos, Mialle.


Foi a primeira vez que percebemos o quanto aquele lugar era alto. Minhas pernas tremiam e meus joelhos pareciam não querer me sustentar. Você exitou, mas me deu a mão e desceu junto comigo. Olhamos a rocha vermelha, o céu frio e avermelhado depois de um longo domingo chuvoso em que escutamos Epica horas a fio. Eu precisava de algo que raspasse a superfície dura da pedra para que deixássemos nossa marca lá. Era tão típico deixarmos nossos nomes aonde íamos... Era uma forma de dizer que éramos os Reis do Mundo, ou mesmo os Sultões de Cabul. Procurei até achar um velho caco de vidro. Com custo risquei nossos nomes na pedra, seguidos da data. 21 de outubro de 2007. E quando enfim terminei, com os dedos cortados, eu disse: "Pronto, um dia a gente volta aqui pra ver como o nosso nome vai estar". E quando juntamos nossas mãos, sentindo a pedra fria com os pés descalços, olhamos as luzes da cidade, o Homem de longos braços abertos sobre aquele monte e sentindo a brisa gélida passear entre nós, pudemos perceber: nós éramos os Reis do Mundo. E nós nunca voltamos lá... Mas este mundo ainda é nosso. Tudo é nosso, Janaína... Desde o princípio.


Eu não conseguia me conter de tanta ansiedade. Já naqueles dias eu nem queria tanto que as pessoas se importassem, porque afinal nenhuma delas saberia realmente como eu me senti. 21 de maio de 2010. Era a véspera da data em que faria um ano em que eu voltara de um coma. E tantos planos ocupavam a minha mente... E você apenas me olhou, segurou em minha mão e me guiou até o gramado que adorna o anfiteatro. E nós deitamos afim de admirar o céu estrelado que estava especialmente espetacular naquela noite. E naquele momento eu pude contemplar toda a beleza da vida, pude sentir toda uma Via Láctea dentro do meu peito... Pulsando e irradiando a vida com a qual eu tanto me importava agora. E eu não quis mais saber de nada. Começou a tocar Cazuza e nos lembramos de muita coisa... E você me pediu: "Promete que não morre mais longe de mim?". E eu te abracei forte e me senti tão feliz que meu peito doeu. Mas então Cazuza completou tudo o que eu queria dizer. Faz parte do meu show, meu amor... Você Maiza é um dos meus símbolos de vida, um amuleto dado pelo Único.


E se eu contasse todas as minhas memórias, definharia aqui na frente desta tela. Esses são pedaços de felicidade que flutuam em minha mente e que eu consegui segurar novamente por alguns segundos. E se não fossem vocês? E se não fosse tudo o que passamos? Muita coisa já teria se perdido. E elas se perdem, é óbvio, mas não são como as nossas que nos observarão por toda a eternidade... Sim, porque somos eternos.


Ao som de "Roslyn", Bon Iver & St, Vincent.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Enfim... Jus a tele-dramaturgia brasileira!


Na última terça-feira 10, na globo, foi exibido o primeiro capítulo da minissérie "A Cura". Agora, pouco tempo depois da exibição do segundo episódio, só devo levantar as mãos para o céu e agradecer porque enfim "Na Forma da Lei" chegou ao fim, com suas cenas pobremente mal filmadas, com seus cenários mais pobremente ainda arquitetados e com atuações irrelevantes, apesar de trazer um grande nome que me agrada muito: Ana Paula Arósio. Mas, eu a perdôo. Ela só estava no lugar errado e na hora errada. Mas defendo a minha tese de que nada com o Márcio Garcia no elenco vai para frente. Sério, para mim ele é um verdadeiro pé frio.
Pois bem, voltemos a falar do foco deste post. Escrita por João Emanuel Carneiro, "A Cura" conta com nomes de peso no elenco e como ator principal o sempre pra lá de satisfatório Selton Mello. Apesar do horário um pouco pobre, o das 23:00, parece pretender atrair a atenção de muita gente e aficcionados pelo gênero do qual trata a série.
O enredo narra a história de Dimas (Selton Mello), um médico com dons curativos que retorna a sua cidade natal, onde tem uma fama pra lá de denegrida. No passado fora culpado pelo assassinato de um amigo e até hoje carrega a desconfiança de todos nas costas, mesmo alegando ser inocente. Com pinceladas de paranormalidade e espiritualidade, "A Cura" traz rostos conhecidos mas com atuações tão inovadores que trazem muita credibilidade ao espectador. Muito diferente de "Na Forma da Lei"... Já deu pra ver que ela me decepcionou profundamente, não é mesmo? Mas deixemos isso de lado... Foi cancelada mesmo^^. Espero que o fantasma de Maurício Viegas não volte pra atormentar ninguém. Ou eu mesmo me encarrego de exorcizá-lo!
O autor declarou a FOLHA: "Tudo gira em torno da dubiedade dele, entre matar e curar. A ideia é antiga, sempre quis contar a história de um curandeiro e mexer com o fantástico no imaginário brasileiro." Há, também, uma história paralela, enigmática, do século 18: a de um cruel antepassado de Dimas que encontra, ele também, um curandeiro em seus dias.
Com 8 capítulos a minissérie já deixou muitos mistérios pairando, o que me impele a realmente assistí-la avidamente até o final. Fico feliz, acho difícil ela desandar com tantos responsáveis no corpo da série. Já quero o próximo capítulo!

P.S.: Vou voltar a postar as cartas, ando sem tempo, paciência e inspiração. Mas já voltei^^.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Thirteen - Someone you wish could forgive you

Não percebi que era um sonho mesquinho. E quando reclamava que eras rude comigo, tu me dizias que rude era o mundo lá fora. Eu sempre me mantive alheio a tudo o que se passava. Mas enquanto tudo girava, tudo desembocava em horrendos turbilhões, eu transformava minha vida numa frivolidade.
Meus amores, meus teatros, meus sonhos, nada tinha importância perto do que era verdadeiramente a vida. Reclamava que a vida não realizara meus sonhos de amor, minhas quimeras viajantes, só que a vida tem obrigações muito mais urgentes, muito maiores.
Tu disseste que meu capricho me amesquinha. E te digo que meu amor, esse meu jeito romântico e absurdamente melancólico que escondo o tempo inteiro, mas que só tu conheces tão bem, eram o que devagar me impulsionavam.
Mas digo que meu amor não é um capricho mesquinho. É apenas algo de rebelde em mim, que não condiz com minha sensatez quieta e por vezes calada. Por muito tempo não enxerguei nada além de minha tola e insensata fantasia. E tive vontade de te pedir pra se calar, de te olhar com pretextos bobos pra calar sua boca. Nunca tive nenhum. Me calava porque a verdade é atroz,não é?
Por muitas vezes me censuraram porque eu tinha a mania de ver a vida pela óptica do amor, das paixões ardentes além-morte, tu também, às vezes, mas terminava sonhando junto comigo, enquanto muitos a nossa volta viam a vida pela óptica do ciúme e despeito.Você nunca foi de romances, mas sempre esteve segurando minha mão. 
As vezes me parecia que os sentimentos não te importavam, mas para mim eles eram vitais. E como disse, às vezes era ríspida, me chacoalhava de meu mundo de sonhos. E eu pedi que se me amasse, me poupasses.  Com o passar do tempo alegava que a falta de minha paz, não te dava o direito de ser tão cruel.E percebi que eu era o mais cruel. Em meu desamparo, em minha doçura estranha, eu te feria de morte sem perceber.
E te peço perdão por todas as lágrimas que te provoquei, por todas as impossibilidades, pelas bipolaridades e por as vezes ser tão frívolo e indiferente. Perdoa-me por não querer que me esqueças, que me deixe de vez. Quero aprender mais contigo e deixar que o momento me leve e que o passado passe como tem que ser. Me ensinas?
Mesmo que seja irritante esse meu jeito 'Manuela' de escrever, esse meu jeito antigo que uma vez me disse parecer vir de "outra era". São tantos os motivos que eu escreveria sem parar, mas o verdadeiro perdão virá quando eu te abraçar bem forte novamente. Te amo.

Ao som de "Vidas, Amores e Guerras", Marcus Viana.